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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

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O que é Envelhecência?

O QUE  É  ENVELHECÊNCIA?
                        
              By: VMC

Como todo processo de natureza humana, devemos considerar o antes, o durante e o depois. Na escala evolutiva do gênero humano não é diferente ou seja, nascemos, crescemos, nos tornamos adolescentes , adultos e consequentemente envelhecemos. Nossa sociedade pouco tem designado tempo e espaço tanto na mídia como nas pesquisas científicas sobre o processo de envelhacência.  De acordo com Mário Prata (1997)

“... A envelhescência nada mais é que uma preparação para entrar na velhice, assim com a adolescência é uma preparação para a maturidade. Engana-se quem acha que o homem maduro fica velho de repente, assim da noite para o dia. Não. Antes, a envelhescência...”




Nos últimos 10 anos o Brasil tem se deparado com um fenômeno visivelmente gratificante por um lado, quando observamos que o número de pessoas com mais de 60 anos tem sobrevivido a todas as estatísticas e censos demográficos pois a longevidade vem aumentando a cada censo.  A máxima de que o Brasil é o “país do futuro” que no Brasil há predominância de jovens etc.etc. já não cabe na realidade do último censo em 2010 do IBGE. Essa realidade tem mobilizado a sociedade como um todo em função de incentivar infraestruturas e abrangência de serviços médicos, culturais e de lazer para um grupo comprovadamente numeroso da população que convencionou-se denominar de “a terceira idade”.
A envelhecência é um termo atual utilizado por alguns pesquisadores para esclarecer os estudos sobre o processo de envelhecimento do corpo e intelecto humano nas últimas três décadas.  Obviamente poder-se-ia questionar porque  tamanho interesse sociocultural da economia que cada vez mais promove atividades especificamente direcionadas para essa população . Os países ditos desenvolvidos encabeçaram a lista com empreendimentos em várias vertentes para “faturar” com a clientela da terceira idade. Aqui no Brasil estamos um tanto mais atrasados principalmente no que se refere aos investimentos em pesquisas para doenças que acometem o ser humano após os 50 anos. As dificuldades de conviver e tratar pessoas com tais doenças é, o ponto crucial: o psiquismo na terceira idade e a problemática relacional.
É esse o ponto fundamental que gostaria de discutir nesse artigo. Vejamos: é sabido que nas famílias de classe média, media alta ou rica em nosso país, os anciãos são categorizados em: autossuficientes, independentes, dependentes-agregados. Essa classificação nas classes econômicas media baixa e, baixíssima, o ancião , inevitavelmente é considerado um “contra-peso” para a família principalmente quando a envelhecência ocorre com grandes dificuldades de relacionamentos afetivos, agravados por grandes comprometimentos da saúde física e mental. A propósito disso, temos um caso bastante simbólico que utilizarei para refletirmos. Trata-se de uma senhora chamada Anne Leitrim, inglesa, de 70 anos, residente no sul da Inglaterra que foi encontrada morta no quarto do seu apartamento após 6 anos...SIM!!! pasmem!  A família não havia sentido sua ausência durante todo esse período. Considerando que esse caso aconteceu num continente considerando evoluído, devemos no mínimo questionar: até que ponto o desenvolvimento sócio econômico do país está comprometido com o desenvolvimento sócio afetivo dos seres que habitam esse país?
Esse caso poderia nos levar a inúmeras reflexões dentre as quais: essa senhora não tinha amigos. Seus vizinhos a ignorava. Seus familiares a detestava. Seus planos de saúde ou serviços assistenciais a terceira idade da Inglaterra eram negligentes. Seus fornecedores (mercado, entregador de pizza,  farmácia, etc.) eram todos incompetentes a ponto de não manter um cadastro de “cliente fidelizado” ou,  imaginar que pela total invisibilidade, essa pobre senhora foi  esquecida até por Deus!

Considerando que estamos falando de uma sociedade desenvolvida e considerada de “primeiro mundo” , imaginem o que se passa em nossa “jovem” sociedade, antes conceituada como um país de terceiro mundo, atualmente reclassificado como “pais em desenvolvimento!? Diante de tantas incongruências  em uma sociedade em pleno desenvolvimento, com tantas divergências e tantas injustiças cometidas por Instituições comerciais, governamentais, assistenciais, etc.  por discriminações e maus tratos até mesmo pelos próprios familiares,  que nós,  brasileiros aprovamos no congresso uma lei especificamente estruturada  para obrigar , isso mesmo, pasmem! Obrigar nossa sociedade a respeitar, mesmo que sob a força da lei, os nossos envelhecentes.

Pois bem, o  Estatuto do Idoso é destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Trata-se da lei nr. 10.741 de   primeiro de outubro   de 2003   ( em outubro próximo ), estará completando 11 aninhos em 2014.  (atenção envelhecentes!)  Esse Estatuto, dispõe sobre o papel da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público de assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,  à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho , à cidadania, à liberdade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Ironicamente, essa lei estaria entrando na pré-adolescência , segundo a classificação de alguns estudiosos no assunto. Ou seja, se considerarmos que é na adolescência que o indivíduo vive os principais transtornos existenciais, os principais questionamentos sobre “quem sou?” , “o que sou”? , E,  como me farei notar nesse mundo? . É a fase de mudanças hormonais, de transformações físicas e emocionais, etc. etc. etc.....A envelhecência tem o mesmo sentido, com a mesma necessidade e intensidade , as mesmas características de transformação só que, num gráfico descendente. Se não vejamos:

   

Diante disso , concluímos que: envelhecência é  a fase crucial da vida de quem conseguiu chegar até ela. Daí, caso esteja vivendo essa fase, recomendo buscar inteirar-se das leis que “protegem” a população da terceira idade e, se possível praticar esportes e alimentação saudável, cultivar as amizades, ter uma religião, etc..etc....enfim, tudo que a  medicina e as mídias tem publicado para  minimizar os efeitos inerentes a terceira idade.
Considerando o fato de que a nossa população está envelhecendo e, que as Instituições sociais ainda não se adaptaram a essa realidade. Considerando ainda que, a própria medicina não tem estrutura e pessoal devidamente capacitado para enfrentar tal realidade. Devemos imaginar que as próximas décadas serão cruciais para minimizar as dores físicas e emocionais da maioria da população brasileira que, além de envelhecerem, estará submissa as precárias condições socioeconômicas de um país até então considerado pelas estatísticas eminentemente JOVEM.

Diante  disso, pode-se afirmar que é fundamental que as Instituições Sociais organizadas (ONGs, etc) e Governamentais , se reorganizem para acolher de modo humanizado e digno, uma grande proporção da nossa população. Atualmente a população brasileira está estimada em 203.000.000. Desses, cerca de 40%  está entrando na envelhecência e outra grande parte (54%)  que  já  está dentro da população “envelhecida” . A psicologia como ciência do comportamento me parece uma das alternativas plenamente viável para acolher e esclarecer tal demanda uma vez que ela se presta a entender os processos depressivos, e todos os demais processos degenerativos do cérebro humano no sentido de acolher, esclarecer, amparar e , juntamente com a psiquiatria, medicar para que se minimize as incidências de denuncias de maus tratos, explorações econômicas, violências e até suicídios nessa população.

Para refletir, analise o quadro abaixo e emita sua opinião:
Adolescência
Envelhacencia/Velhice
1.   Problemas de saúde mais frequentes estão relacionados com o crescimento e o desenvolvimento, com as doenças da infância que continuam na adolescência e com a experimentação.
2.   Os adolescentes tornam-se vulneráveis a certas condições relacionadas sexualidade;
3.   Gravidez precoce, e doenças transmitidas sexualmente, etc.
4.   É o momento da vida em que se manifestam certos quadros psiquiátricos, como a depressão e outras perturbações do estado de espírito.
5.    Aumenta consideravelmente o risco de suicídio. 


1.    Problemas mais frequentes estão relacionados aos processos degenerativos do corpo.

2.    Instalação das Doenças genéticas, hereditárias, crônicas, tais como: hipertensão,cardiopatias. diabete, etc.

3.    Disfunções sexuais generalizadas. Situação mais evidenciada no sexo masculino


4.    Incidência de DST principalmente AIDS entre casais “estáveis”

5.    Incidência de doenças psiquiátricas tais como: síndromes do pânico, Ansiedade, Depressão, Demências  e grande risco de suicídio.

Concluindo, o processo de envelhecência demanda uma atenção especial de toda sociedade em virtude das modificações biológicas, psicológicas e sociais. Faz-se  necessária uma maior atenção dos Governantes a formulação e efetivação de políticas públicas voltadas para o idoso. Todos sabemos que não basta o Estatuto do Idoso, já que este não inclui em seus artigos  o que é inerente em muitas culturas e civilizações, principalmente as orientais, onde o idoso é visto com respeito e veneração, representando uma fonte de experiência, do valioso saber acumulado ao longo dos anos, da prudência e da reflexão.
 A propósito , a História nos mostra que o envelhecimento do corpo de muitos anciãos não acontece do mesmo modo para quem sabe e/ou não aprende a  cultivar o Espírito. A idade cronológica não representou barreiras para  Inúmeros ícones das artes plásticas, musical, arquitetônicas, etc. Giuseppe Verdi, compositor italiano,  aos sessenta anos compôs "Aída"; com mais de setenta e quatro, "Otelo", e aos oitenta e quatro completa três  páginas religiosas: "Ave Maria", "Stabat Mater" e "Te Deum".  Pablo Picasso, pintor espanhol, aos noventa e um anos, ainda conseguia criar obras de arte.  Winston Leonard Spencer Churchill, aos setenta, ainda conseguiu forças ideológicas para sustentar a resistência na Segunda Grande Guerra, e morre aos noventa e um anos em plena contribuição social.
         Albert Einsten, Albert Schweitzer, Louis Pasteur, Thomas Edison, Alexander Fleming, Konrad Hermann Joseph Adenauer, Bertrand Russell, mostraram-se altamente produtivos  aos setenta, oitenta, noventa anos (Oscar Niemeyer, 103 anos!!),  de idade física. Todos esses e tantos outros permanecem vivos até hoje, através de suas descobertas, invenções, ideias e ideais.



Referencias bibliográficas

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