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sexta-feira, 6 de junho de 2014

PSICANÁLISE - APRENDER PARA CRITICAR....



Tristeza ou depressão?
Tristeza ou depressão?

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 Bel Cesar :: 
Podemos sempre mudar! Basta querer!Passamos a vida tão automatizados nos afarezes cotidianos que não nos damos conta do quanto esta atitude obsessiva por "fazer algo" representa uma tentativa constante de fugir da tristeza própria de quem está vivo. Tristezas maiores como perdas ou o testemunho da dor daqueles que sofrem, ou menores, como o desânimo frente aos obstáculos da vida e à frustração de uma esperança. Sofremos porque não aceitamos que tudo, simplesmente tudo, está em constante transformação.

Você sabia que até o século IV a tristeza pertencia à lista dos sete pecados? Os sete pecados capitais: luxúria, gula, avareza, preguiça, ira, inveja e orgulho, foram organizados na Idade Média pelo papa Gregório I. Considerava-se que quem os praticasse iria direto para o inferno. Em 1273, São Tomás de Aquino os formatou como uma das bases dos dogmas católicos.
 

Aliás, ainda vivemos numa cultura que reconhece a tristeza como fraqueza: um estado a ser evitado a qualquer custo. O capitalismo fomenta a ilusão humana de que seria possível nos autogratificarmos ininterruptamente. Tememos que ao parar estaremos perdendo alguma chance de sermos mais felizes. Se temos que ser felizes "custe o que custar", como encontraremos espaço em nossas vidas para sentir a tristeza e elaborá-la?

Ao evitarmos a tristeza, estamos perdendo a possibilidade de nos tornarmos pessoas mais maduras e coerentes, portanto, mais felizes. Na medida em que aceitamos a realidade de que nossos sentimentos são imperfeitos e vulneráveis, já não tememos a fragilidade que a tristeza nos desperta.

Tristes, temos menos energia vital para nos impormos diante das adversidades. No entanto, é justamente ao acolher os sentimentos de incapacidade diante do mundo que evocamos o estado de introspecção necessário para dar sentido ao que estamos passando.

Toda perda ou frustração é inegavelmente triste, mas é o que cada um diz a si mesmo que transforma o que é triste em alguma coisa ruim.

A tristeza acolhida, sentida e refletida nos leva a redimensionar nossos valores a tal ponto que quando começamos a sair dos estados mais pesarosos, naturalmente, estamos mais compromissados com nossos princípios e valores. Desta forma, estamos mais colados em nós mesmos. Ou seja, a experiência direta com a tristeza nos leva a ser o que pensamos. Como resultado, passamos a ter coragem de tomar decisões que muitas vezes foram postergadas por anos.
 

Quanto maior for a coerência entre o que sentimos e vivemos, maior será o estado de confiança interior.

Entramos em contato com a tristeza, quando nos silenciamos para escutar que histórias ela tem para nos contar. Podemos fazer isso colocando as mãos sobre a parte de nosso corpo que mais se ressente diante desta dor emocional e simplesmente dizer que estamos abertos para escutá-la. Este é um ato de autocompaixão. Desta forma, despertamos nossa intuição e sabedoria pessoal. Ao final desta reflexão, teremos mais condições para concluir o que é de fato importante para dedicarmos nossa atenção.

Pesquisas de neurociência comprovam que decisões relacionadas ao desenvolvimento pessoal e à mudança, em grande parte das vezes, só podem ser tomadas em momentos de tristeza, quando o cérebro humano tende a agir de maneira mais sensata, sem cair nos extremos da excitação ou da depressão.

Em geral, aquilo que nos faz tristes revela em nós algo que não gostamos de admitir.
 
O problema é que associamos a ideia de sofrer com a de fracassar. Mas o sofrimento, em si, não é uma derrota: ele faz parte do processo de cura. Por isso, para superarmos a tristeza, teremos inicialmente de permitir sua presença.

A dor que não vai embora é aquela que clama por atenção e empatia. Críticas e julgamentos são uma forma de resistência para encarar a tristeza. Neste sentido, para nos aproximarmos de nossa própria dor com a intensão de transformá-la em sabedoria, teremos que abandonar a indignação infértil que carrega as mágoas do passado.

Como lidar com a tristeza? Em primeiro lugar, precisamos saber identificá-la em nosso corpo e alma. Uma tristeza profunda não tem palavras para se expressar. Será preciso permanecer com ela em silêncio para que ela ganhe sua voz.
 

Pessoas e lugares capazes de tolerar este silêncio são de grande ajuda para quem está triste. Aos poucos, as palavras surgem, assim como uma criança que começa a falar. No início, são expressões soltas e desconexas. Lembranças que vem e vão.

Escrever o que estamos sentindo nos ajuda a projetar a dor para fora. Reconhecer nossos sentimentos nos alivia e nos acalenta. Ressoar com nossa própria dor.

Aliás, se quisermos ajudar uma pessoa que está triste, teremos que ressoar junto com ela. Sentir empatia e compaixão significa estar em sintonia com o outro sem querer apressá-lo ou organizá-lo precocemente. Encontrar alguém capaz de estar presente, sem tentar nos organizar à sua moda, estimula-nos a "sair da toca" e narrar o que está ocorrendo.
 

É preciso estar num lugar seguro, com pessoas seguras, para suportar tristezas profundas. Começamos a sair da tristeza na medida em que conseguimos representá-la para o mundo. Seja verbalizando-a racionalmente ou por meio da arte como a poesia, a pintura, a música e a dança.

Ao expressarmos nossa tristeza, ganhamos a confiança de que com o tempo virá a ajuda necessária para superarmos sentimentos mais intensos, como agonia e desamparo.
 

A tristeza não é em si mesma pessimista. Ela reclama pelo ocorrido, mas aguarda por algo novo. Sob a tristeza, algo que ainda desconhecemos está sendo gestado. Enquanto nos sentirmos vazios não há nada a ser contestado. Mas, na medida em que este vazio ganha expressão, passamos a vislumbrar novas esperanças.

A tristeza não ouvida por nós mesmos ou por alguém torna-se crônica. Se estivermos constantemente tristes, passaremos a sentir apatia, indiferença e desprazer: a tristeza torna-se, então, depressão.

Como vimos, na tristeza, nosso sistema se torna mais lento para que possamos gerar um estado de introspecção. Na depressão, estamos demasiadamente lentificados, até mesmo para nos perceber. O vazio percebido como um vácuo de sentido e esperança causa agonia. Na depressão, estamos perdidos, não temos força para nos autossustentar.

Todos nós sentimos tristeza, mas 18% das pessoas irão apresentar depressão em algum período da vida. Com o aumento do estresse crônico, este número vem aumentando significativamente. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), no ano de 2020, a depressão será a principal causa de incapacidade em todo o mundo, só superada pelas doenças cardiovasculares.

O vilão deste infortúnio é o estresse crônico. Sob a pressa e a pressão, não chegamos a oscilar entre os estados de ativacão e relaxamento. Dormimos e comemos mal. Isso sem contar com a agressão que nosso corpo sofre diante do constante ataque de substâncias estranhas a ele, como a poluição do meio ambiente, os agrotóxicos e os xenobióticos.
 

A tristeza é um processo natural da vida, uma expressão passageira de nosso mundo interior. Já a depressão é um estado permanente que precisa de ajuda para ser tratado.
 

Dr. Sergio Klepacz nos esclarece em nosso livro "O Sutil Desequilíbrio do Estresse" (Ed.Gaia):
 "As atuais teorias indicam que as origens da depressão encontram-se na questão da dinâmica neuronal. Consideram o estado depressivo como uma espécie de microdegeneração do cérebro. Temos como causa ou consequência do quadro uma diminuição da atividade de crescimento da árvore neuronal, por pouca neurogênese ou por pouca conexão entre os neurônios. Para compreender melhor a situação, podemos imaginar que nossas memórias e experiências sejam escritas na árvore neuronal, como numa revista de história em quadrinhos. Cada quadrinho corresponde a um neurônio (ou conexão entre eles), formado pelo hipocampo. Dependendo do grau de relevância que damos a essas memórias, esse quadrinho será mantido e incorporado, ou será eliminado. No caso do estresse crônico, a consequente exitotoxicidade impede a formação dessas memórias, de modo que vamos deixando de incorporá-las. A depressão é possivelmente o momento no qual ficamos com poucas aquisições, de forma que nossos recursos para sobreviver num mundo complexo, diminuem. A partir desse ponto, o único sentimento que acabamos aprendendo é que não existe mais esperança".

A depressão é a ausência da sensação de que a vida está fluindo naturalmente. Dr. Sergio Klepacz afirma:
 "Cem por cento dos depressivos se sentem acuados. Sabemos que o estresse causa diminuição de triptofano circulante no plasma, possivelmente pelo aumento da necessidade de formação da serotonina. Baixos níveis de triptofano podem prejudicar a capacidade de enfrentamento de novos estresses, aumentando a sensação de desesperança".

Quando sofremos uma perda significativa, um golpe de traição, ou mesmo um diagnóstico de uma doença grave, somos tomados por uma intensa tristeza, mas isso não quer dizer que estejamos deprimidos. Podemos nos sentir profundamente tristes e, ainda assim, estarmos dispostos a seguir em frente. Não perdemos a motivação pela vida, temos autoestima suficiente para nos sustentarmos até nos ajustarmos à nova realidade. Enquanto a depressão é uma doença que precisa ser tratada, a tristeza é um sintoma que pode nos curar.
 

Teorias psicológicas....aprender para criticar

Behaviorismo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

John B. Watson(1878-1958)
Behaviorismo (Behaviorism em inglês, de behaviour (RU) ou behavior (EUA): comportamentoconduta), também designado de comportamentalismo, ou às vezes comportamentismoPB, é o conjunto das teorias psicológicas que postulam o comportamento como o mais adequado objeto de estudo da Psicologia. O comportamento geralmente é definido por meio das unidades analíticas respostas e estímulosinvestigadas pelos métodos utilizados pela ciência natural chamada Análise do Comportamento. Historicamente, a observação e descrição do comportamento fez oposição ao uso do método deintrospecção.

Tipos de Behaviorismo[editar | editar código-fonte]


Ivan P. Pavlov
Como precedentes do Comportamentismo podem ser considerados os fisiólogos russos Vladimir Mikhailovich Bechterev1 e Ivan Petrovich Pavlov2 . Bechterev, grande estudioso de neurologia e psicofisiologia, foi o primeiro a propor uma Psicologia cuja pesquisa se baseia no comportamento, em suaPsicologia Objetiva1 . Pavlov, por sua vez, foi o primeiro a propor o modelo de condicionamento do comportamento conhecido como reflexo condicionado, e tornou-se conceituado com suas experiências de condicionamento com cães. Sua obra inspirou a publicação, em 1913, do artigo Psychology as the Behaviorist views it, de John B. Watson. Este artigo apresenta uma contraposição à tendência até então mentalista (isto é, internalista, focada nos processos psicologicos internos, como memória ou emoção) da Psicologia do início do século XX, além de ser o primeiro texto a usar o termo Behaviorismo. Também é o primeiro artigo da vertente denominada Behaviorismo Clássico.

Behaviorismo Clássico[editar | editar código-fonte]

Behaviorismo Clássico (também conhecido como Behaviorismo Watsoniano, menos comumente Psicologia S-R e Psicologia da Contração Muscular3 ) apresenta a Psicologia como um ramo puramente objetivo e experimental das ciências naturais. A finalidade da Psicologia seria, então, prever e controlar o comportamento de todo e qualquer indivíduo.
A proposta de Watson era abandonar, ao menos provisoriamente, o estudo dos processos mentais, como pensamento ou sentimentos, mudando o foco da Psicologia, até então mentalista, para o comportamento observável3 . Para Watson, a pesquisa dos processos mentais era pouco produtiva, de modo que seria conveniente concentrar-se no que é observável, o comportamento. No caso, comportamento seria qualquer mudança observada, em um organismo, que fossem consequência de algum estímulo ambiental anterior, especialmente alterações nos sistemas glandular e motor. Por esta ênfase no movimento muscular, alguns autores referem-se ao Behaviorismo Clássico como Psicologia da Contração Muscular3 .
O Behaviorismo Clássico partia do princípio de que o comportamento era modelado pelo paradigma pavloviano de estímulo e resposta conhecido como condicionamento clássico. Em outras palavras, para o Behaviorista Clássico, um comportamento é sempre uma resposta a um estímulo específico. Esta proposta viria a ser superada por comportamentalistas posteriores, porém. Ocorre de se referirem ao Comportamentismo Clássico como Psicologia S-R (sendo S-R a sigla de Stimulus-Response (estímulo-resposta), em inglês).
É importante notar, porém, que Watson em momento algum nega a existência de processos mentais. Para Watson, o problema no uso destes conceitos não é tanto o conceito em si, mas a inviabilidade de, à época, poder analisar os processos mentais de maneira objetiva. De fato, Watson não propôs que os processos mentais não existam, mas sim que seu estudo fosse abandonado, mesmo que provisoriamente, em favor do estudo do comportamento observável. Uma vez que, para Watson, os processos mentais devem ser ignorados por uma questão de método (e não porque não existissem), o Comportamentismo Clássico também ficou conhecido pela alcunha de Behaviorismo Metodológico.
Watson era um defensor da importância do meio na construção e desenvolvimento do indivíduo. Ele acreditava que todo comportamento era consequência da influência do meio, a ponto de afirmar que, dado algumas crianças recém-nascidas arbitrárias e um ambiente totalmente controlado, seria possível determinar qual a profissão e o caráter de cada uma delas. Embora não tenha executado algum experimento do tipo, por razões óbvias, Watson executou o clássico e controvertido experimento do Pequeno Albert, demonstrando o condicionamento dos sentimentos humanos através do condicionamento responsivo.

Neobehaviorismo Mediacional[editar | editar código-fonte]

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O Behaviorismo Clássico postulava que todo comportamento poderia ser modelado por conexões S-R (Estimulo-Resposta); entretanto, vários comportamentos não puderam ser modelados desta maneira. Em resposta a isso, vários psicólogos propuseram modelos behavioristas diferentes em complemento ao Behaviorismo Watsoniano. Destes podemos destacar Edward C. Tolman, primeiro psicólogo do comportamentalismo tradicionalmente chamado Neobehaviorismo Mediacional.

Edward C. Tolman[editar | editar código-fonte]

Tolman publicou, em 1932, o livro Purposive behavior in animal and men. Nessa obra, Tolman propõe um novo modelo behaviorista se baseando em alguns princípios dissoantes perante a teoria watsoriana. Esse modelo apresentava um esquema S-O-R (estímulo-organismo-resposta) onde, entre o estímulo e a resposta, o organismo passa por eventos mediacionais, que Tolman chama devariáveis intervenientes (em oposição às variáveis independentes, i. e. os estímulos, e às variáveis dependentes, i. e. as respostas). As variáveis intervenientes seriam, então, um componente do processo comportamental que conectaria os estímulos e as respostas, sendo os eventos mediacionais processos internos.
Baseado nesses princípios, Tolman apresenta uma teoria do processo de aprendizagem sustentada pelo conceito de mapas cognitivos, i. e., relações estímulo-estímulo, ou S-S, formadas nos cérebros dos organismos. Essas relações S-S gerariamespectativas no organismo, fazendo com que ele adote comportamentos diferentes e mais ou menos previsíveis para diversos conjuntos de estímulos. Esses mapas seriam construídos através do relacionamento do organismo com o meio, quando observa a relação entre vários estímulos. Os processos internos que permitem a criação de um mapa mental entre um estímulo e outro são usualmente chamados gestalt-sinais.
Como se vê, Tolman aceitava os processos mentais, assim como Watson, mas, ao contrário desse, efetivamente os utilizava no estudo do comportamento. O próprio Tolman viria a declarar que sua proposta behaviorista seria uma reescrita da Psicologia mentalista em termos comportamentalistas. Tolman também acreditava no caráter intencional do comportamento: para ele, todo comportamento visa alcançar algum objetivo do organismo, e o organismo persiste no comportamento até o objetivo ser alcançado. Por essas duas características de sua teoria (aceitação dos processos mentais e proposição da intencionalidade do comportamento como objeto de estudo), Tolman é considerado um precursor da Psicologia Cognitiva.

Clark L. Hull[editar | editar código-fonte]

Em 1943, a publicação, por Clark L. Hull, do livro Principles of Behavior marca o surgimento de um novo pensamento comportamentalista, ainda baseada o paradigma S-O-R, que viria a se opor ao behaviorismo de Tolman.
Hull, assim como Tolman, defendia a idéia de uma análise do comportamento baseada na idéia de variáveis mediacionais; entretanto, para Hull, essas variáveis mediacionais eram caracterizadamente intra-organísmicas, i. e., neurofisiológicas. Esse é o principal ponto de discordância entre os dois autores: enquanto Tolman efetivamente trabalhava com conceitos mentalistas como memória, cognição etc., Hull rejeitava os conceitos cognitivistas em nome de variáveis mediacionais neurofisiológicas.
Em seus debates, Tolman e Hull evidenciavam dois dos principais aspectos das escolas da análise do comportamento. De um lado, Tolman adotava a abordagem dualista watsoniana, onde o indivíduo é dividido entre corpo e mente (embora assumindo-se que o estudo da mente não possa ser feito diretamente); de outro, Hull, embora mediacionista, adota uma posição monista, onde o organismo é puramente neurofisiológico.

Behaviorismo Filosófico[editar | editar código-fonte]

Behaviorismo Filosófico (também chamado Behaviorismo Analítico e Behaviorismo Lógico4 ) consiste na teoria analítica que trata do sentido e da semântica das estruturas de pensamento e dos conceitos. Defende que a idéia de estado mental, ou disposição mental, é, na verdade, a idéia de disposição comportamental ou tendências comportamentais. Afirmações sobre o que se denomina estados mentais seriam, então, apenas descrições de comportamentos, ou padrões de comportamentos em toda a familia romana. Nesta concepção, são analisados os estados mentais intencionais e representativos. Esta linha de pensamento fundamenta-se basicamente nos postulados de Ryle e Wittgenstein4 .

Behaviorismo Metodológico[editar | editar código-fonte]

O termo foi primeiramente utilizado por Watson, em 1945, para se referir a proposta de ciência do comportamento dos positivistas lógicos, ou neopositivistas, que tiveram grande influência nas idéias dos behavioristas norte-americanos da primeira metade do século XX. Provavelmente, e mais especificamente, as críticas se referiram às considerações de Stanley Smith Stevens, em seu artigo "Psychology and the science of science" de 1939.
O behaviorismo metodológico de S. S. Stevens entende o comportamento apenas como respostas públicas dos organismos. A questão da observabilidade é central. Somente eventos diretamente observáveis e replicáveis seriam admitidos para tratamento por uma ciência, inclusive uma ciência do comportamento. Essa admissão decorre apenas por uma questão de acessibilidade, ou seja, não seria possível uma ciência de eventos privados simplesmente por eles serem desta ordem, privados. Essa visão, chamada de "behaviorismo meramente metodológico" por Watson, se distancia da visão Behaviorista Radical que inclui os eventos privados no escopo das ciências do comportamento e a interpretação como método legítimo.

Behaviorismo Radical[editar | editar código-fonte]

Como resposta às correntes internalistas do Comportamentalismo e inspirado pelo Behaviorismo Filosófico, Burrhus F. Skinnerpublicou, em 1953, o livro Science and Human Behavior. A publicação desse livro marca o início da corrente comportamentalista conhecida como Behaviorismo Radical.
O Behaviorismo Radical foi desenvolvido não como um campo de pesquisa experimental, mas sim uma proposta de filosofia sobre o comportamento humano. As pesquisas experimentais constituem a Análise Experimental do Comportamento, enquanto as aplicações práticas fazem parte da Análise Aplicada do Comportamento. O Behaviorismo Radical seria uma filosofia da ciência do comportamento. Skinner foi fortemente anti-mentalista, ou seja, considerava não pragmáticas as noções "internalistas" (entidades "mentais" como origem do comportamento, sejam elas entendidas como cognição, id-ego-superego, inconsciente coletivo, etc.) que permeiam as diversas teorias psicológicas existentes. Skinner jamais negou em sua teoria a existência dos processos mentais (eles são entendidos como comportamento), mas afirma ser improdutivo buscar nessas variáveis a origem das ações humanas, ou seja, os eventos mentais não causam o comportamento das pessoas, os eventos mentais são comportamentos e são de natureza física. A análise de um comportamento (seja ele cognitivo, emocional ou motor) deve envolver, além das respostas em questão, o contexto em que ele ocorre e os eventos que seguem as respostas. Tal posição evidentemente opunha-se à visão watsoniana do Behaviorismo, pela qual a principal razão para não se estudar fenômenos não fisiológicos seria apenas a limitação do método, não a efetiva inexistência de tais fenômenos de natureza diferente da física. O Behaviorismo skinneriano também se opunha aos neobehaviorismos mediacionais, negando a relevância científica de variáveis mediacionais: para Skinner, o homem é uma entidade única, uniforme, em oposição ao homem "composto" de corpo e mente, ou seja, a visão de homem é a visão monista.
Skinner desenvolveu os princípios do condicionamento operante e a sistematização do modelo de seleção por consequências para explicar o comportamento. O condicionamento operante segue o modelo Sd-R-Sr, onde um primeiro estímulo Sd, dito estímulo discriminativo, aumenta a probabilidade de ocorrência de uma resposta R. A diferença em relação aos paradigmas S-R e S-O-R é que, no modelo Sd-R-Sr, o condicionamento ocorre se, após a resposta R, segue-se um estímulo reforçador Sr, que pode ser umreforço (positivo ou negativo) que "estimule" o comportamento (aumente sua probabilidade de ocorrência), ou uma punição (positiva ou negativa) que iniba o comportamento em situações semelhantes posteriores.
O condicionamento operante difere do condicionamento respondente de Pavlov e Watson porque, no comportamento operante, o comportamento é condicionado não por associação reflexa entre estímulo e resposta, mas sim pela probabilidade de um estímulo se seguir à resposta condicionada. Quando um comportamento é seguido da apresentação de um reforço positivo ou negativo, aquela resposta tem maior probabilidade de se repetir com a mesma função; do mesmo modo, quando o comportamento é seguido por uma punição (positiva ou negativa), a resposta tem menor probabilidade de ocorrer posteriormente. O Behaviorismo Radical se propõe a explicar o comportamento animal através do modelo de seleção por consequências. Desse modo, o Behaviorismo Radical propõe um modelo de condicionamento não-linear e probabilístico, em oposição ao modelo linear e reflexo das teorias precedentes do Comportamentalismo. Para Skinner, a maior parte dos comportamentos humanos são condicionados dessa maneira operante.
Para Skinner, os comportamentos são selecionados através de três níveis de seleção. Os componentes da mesma são: 1 - Nível Filogenético: que corresponde aos aspectos biológicos da espécie e da hereditariedade do indivíduo; 2 - Nível Ontogenético: que corresponde a toda a história de vida do indivíduo; 3 - Nível Cultural: os aspectos culturais que influenciam a conduta humana.
Através da interação desses três níveis (onde nenhum deles possui um status superior a outro) os comportamentos são selecionados. Para Skinner, o ser humano é um ser ativo, que opera no ambiente, provocando modificações nele, modificações essas que retroagem sobre o sujeito, modificando seus padrões comportamentais.
Apesar de ter sido e ainda ser bastante criticado, muitos dos preconceitos em relação às ideias de Skinner são, na verdade, fruto do desconhecimento de quem critica. Muitas das críticas feitas ao behaviorismo radical são, na verdade, críticas ao behaviorismo de Watson. Mesmo autores que ficaram amplamente conhecidos por suas críticas, como Chomsky em "A Review on Skinner's Verbal Behavior", pouco conheciam acerca da abordagem e, com isso, cometeram diversos erros. A crítica de Chomsky já foi respondida por Kenneth MacCorquodale "On Chomsky's Review of Skinner's Verbal Behavior".
O behaviorismo skinneriano, hoje em dia, é o mais popular, se não o único, behaviorismo ainda vivo. A ABAI (Association for Behavior Analysis International) possui cerca de 13.500 membros mundo inteiro (lembrando que isso nem de longe corresponde ao número real) e cresce cerca de 6.5% ao ano, o que desmente a alegação comum que o behaviorismo está morto.

Argumentos behavioristas[editar | editar código-fonte]

Os comportamentalistas apresentam várias razões pelas quais seria razoável adotar uma postura behaviorista. Uma das razões mais comuns é epistêmica5 : afirmações sobre estados internos dos organismos feitas por observadores são baseadas no comportamento do organismo. Por exemplo, a afirmação de que um rato sabe o caminho para o alimento em uma caixa de Skinner é baseada na observação do fato de que o animal chegou até o alimento, o que é um comportamento. Para um behaviorista, os chamados fenômenos mentais poderiam muito bem ser apenas padrões de comportamento.
Comportamentalistas também fazem notar o caráter anti-inatista típico do Behaviorismo. Muito embora o inatismo não seja inerente ao mentalismo, é bastante comum que tais teorias assumam que existam procedimentos mentais inatos. Behavioristas, por crerem que todo comportamento é conseqüência de condicionamento, geralmente rejeitam a idéia de habilidades inatas aos organismos. Todo comportamento seria aprendido através de condicionamento5 .
Outro argumento muito popular a favor do Behaviorismo é a idéia de que estados internos não provêm explicações para comportamentos externos por eles mesmos serem comportamentos. Explicar o comportamento animal exigiria uma apresentação do problema em termos diferentes do conceito sendo apresentado (isto é, comportamento). Para um comportamentalista (especialmente um comportamentalista radical), estados mentais são, em si, comportamentos, de modo que utilizá-los como estímulos resultaria em uma referência circular. Para o behaviorista, estados internos só seriam válidos como comportamentos a serem explicados; uma teoria que seguisse tal princípio, porém, seria comportamentalista.
Para Skinner, em especial, utilizar estados internos como elementos essencialmente diferentes dos comportamentos abriria possibilidades para uso de conceitos anticientíficos na argumentação psicológica, como substâncias imateriais ou homúnculos que controlassem o comportamento5 . Entretanto, é importante notar que, para Skinner, não havia nada de inadequado em se discutir estados mentais no Behaviorismo: o erro seria discuti-los como se não fossem comportamentos.
Vale notar, entretanto, que o argumento do estado interno como comportamento é polêmico, mesmo entre vários comportamentalistas5 . O Neo-behaviorismo Mediacional, por exemplo, trata os estados internos como elementos mediadores inerentemente diferente dos comportamentos3 .

Críticas[editar | editar código-fonte]

O Behaviorismo, embora ainda muito influente, não é o único modelo na Psicologia6 . Seus críticos apontam inúmeras prováveis razões para tal fato.
Uma das razões comumente apontadas é o desenvolvimento das neurociências. Essas disciplinas jogaram nova luz sobre o funcionamento interno do cérebro, abrindo margens para paradigmas mais modernos na Psicologia. Por seu compromisso com a idéia de que todo comportamento pode ser explicado sem apelar para conceitos cognitivos, o Behaviorismo leva a uma postura por vezes desinteressada em relação às novas descobertas das neurociências6 , com exceção do behaviorismo radical, Skinner enfatizou sempre a importância da neurociência como sendo um campo complementar essencial para o entendimento humano. Os behavioristas afirmam, porém, que as descobertas neurológicas apenas definem os fenômenos físicos e químicos que são parte do comportamento, pois o organismo não poderia exercer comportamentos independentes do ambiente por causas neurológicas. Outro aspecto que também é enfatizado por behavioristas radicais é de que embora as neurociências possam lançar luz a alguns processos comportamentais, ela não é prática. Por exemplo, se o objeto for promover uma mudança comportamental em um indivíduo, a modificação das contingências ambientais seria muito mais eficaz que uma modificação direta no sistema nervoso da pessoa.
Outra crítica ao Behaviorismo afirma que o comportamento não depende tanto mais dos estímulos quanto da história de aprendizagem ou da representação do ambiente do indivíduo6 . Por exemplo, independentemente de quanto se estimule uma criança para que informe quem quebrou um objeto, a criança pode simplesmente não responder, por estar interessada em ocultar a identidade de quem o fizera. Do mesmo modo, estímulos para que um indivíduo coma algum prato exótico podem ser de pouca valia se o indivíduo não vir o prato exótico como um estímulo em si. Esta crítica só tem validade se for aplicada ao behaviorismo clássico de Watson, o behaviorismo radical de Skinner leva em conta, como ilustrado pelo nível ontogenético, a história de vida do indivíduo na predição e controle do comportamento.
Vários críticos apontam para o fato de que um comportamento não precisa ser, necessariamente, conseqüência de um estímulo postulado. Uma pessoa pode se comportar como se sentisse cócegas, dor ou qualquer outra sensação mesmo se não estiver sentindo nada. Algumas propriedades mentais, como a dor, possuem uma espécie de "qualidade intrínseca" que não pode ser descrita em termos comportamentalistas. O problema desta crítica é de que ela trata como se todos os behaviorismos fossem mecanicistas [estímulo-resposta] o que não é verdade, o outro problema é que esta crítica ignora outros fatores contextuais que reforçam os comportamentos de, no caso, sentir cócegas. Por exemplo, uma criança pode se comportar como se sentisse dor porque assim a professora poderia mandá-la para casa.
Noam Chomsky foi um crítico do Behaviorismo, e apresentou uma suposta limitação do Comportamentalismo para modelar a linguagem, especialmente a aprendizagem. O Behaviorismo não pode, segundo Chomsky, explicar bem fenômenos linguísticos como a rápida apreensão da linguagem por crianças pequenas6 . Chomsky afirmava que, para um indivíduo responder a uma questão com uma frase, ele teria de escolher dentre um número virtualmente infinito de frases qual usar, e essa habilidade não era alcançada perante o constante reforçamento do uso de cada uma das frases. O poder de comunicação do ser humano, segundo Chomsky, seria resultado de ferramentas cognitivas gramaticais inatas6 .

Behavioristas famosos[editar | editar código-fonte]

Diversos cientistas e pensadores alinharam-se com ou influenciaram significativamente o Behaviorismo. Desses, podemos destacar:
Dentre muitos outros. A influência behaviorista também pode ser encontrada em filósofos conceituados, como:

Referências

  1. ↑ Ir para:a b Nicola AbbagnanoDicionário de FilosofiaSão Paulo: Martins Fontes, 1990. Verbete Psicologia, subseção d, p. 810.
  2. Ir para cima Nicola AbbagnanoDicionário de FilosofiaSão Paulo: Martins Fontes, 1990. Verbete Behaviorismo, p. 105.
  3. ↑ Ir para:a b c d N. Costa. Terapia Analítico-comportamental: Dos Fundamentos Filosóficos à Relação com o Modelo Cognitivista. Santo André: ESETec, 2002. pp. 1-8
  4. ↑ Ir para:a b Behaviorism (Stanford Enclyclopedia of Philosophy). Seção Three Types of Behaviorism. Acessado 8 de agosto de 2007
  5. ↑ Ir para:a b c d Behaviorsm (Stanford Encyclopedia of Philosophy). Seção Why be a Behaviorst. Acessado 13 de agosto de 2007.
  6. ↑ Ir para:a b c d e Behaviorism (Stanford Enclyclopedia of Philosophy). Seção Why be anti-behaviorist. Acessado 13 de setembro de 2007