PSICOPEDAGOGIA NEUROPSICOLÓGICA - ESPAÇO PARA DISCUSSÃO DE TEMAS RELATIVOS A PSICOLOGIA E PSICOPEDAGOGIA. EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PSICÓLOGOS.REABILITAÇÃO COGNITIVA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA. TEMAS RELACIONADOS AO ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA, PSICOLOGIA CLÍNICA, NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA E REABILITAÇÃO COGNITIVA - DISTÚRBIOS DA APRENDIZAGEM, SÍNDROMES DA APRENDIZAGEM - EDUCAÇÃO SEXUAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O PROCESSO DE  ENVELHECIMENTO E A EXACERBAÇÃO DO TOC: COMO DEVE AGIR O CUIDADOR?
ESTUDO DE CASO


                                   By: VMC

             O Transtorno Obsessivo Compulsivo é muito mais comum do que imaginamos já que, na maioria das vezes, o diagnóstico é extremamente tardio ou seja, só depois que a pessoa alcança o seu ápice, sua vida se torna um grande sofrimento. Trata-se de um transtorno altamente limitante e somente quando os familiares e amigos já não suportam mais a convivência, e o próprio indivíduo se dá conta de que precisa de ajuda. Aí,  ou  vai por conta própria ou, como ocorre  em grande parte das vezes, são conduzidas por amigos ou familiares.
A grosso modo, o TOC pode ser explicado como: Transtorno neurológico cujo pensamento  “cria” um mecanismo de defesa a partir de frequentes e insistentes pensamentos negativos acerca da vida do paciente ou de seus entes queridos. Por exemplo: “o mundo é predominantemente regido por vírus e bactérias” . Se não limpar bem minha casa, meu corpo, minhas mãos, esses vírus e bactérias poderão causar sérios danos a minha vida e de meus familiares” a partir desse pensamento obsessivo, o indivíduo inicia um comportamento para impedir que esse pensamento se torne realidade. Assim o pensamento adquire um ciclo vicioso que só pode ser aliviado com o comportamento que o paciente acredita que pode ser eliminado ou seja: obsessão= pensamento – compulsão= comportamento.
Geralmente tal  transtorno  pode ter início na infância e se agrava na idade adulta (entre 20-50 anos). Ainda nessa fase, há muitas possibilidades de se retroceder. A psicologia em colaboração com a psiquiatria já provaram que esse quadro pode ser revertido. Graças a neurociência e todas as técnicas utilizadas pela psicologia, principalmente pela Teoria Cognitivo Comportamental (TCC) hoje se sabe que o controle desse transtorno é perfeitamente possível.
Por outro lado, pouco se sabe quando esse transtorno se manifesta nas faixas etárias entre 80-100 anos. Sim, as pessoas atualmente estão sobrevivendo além dos 90 anos, muitas ultrapassam a barreira do 100 anos.  Quando esse evento se manifesta em pessoas cuja saúde física ainda possibilita a mobilidade mínima de Atividades de Vida Diária (AVD) , ainda é possível prevalecer por um longo período já que não demonstram nenhuma dependência de cuidadores ou de familiares. Há relatos de idosos que são completamente independentes e moram sozinhos que são capazes de se cuidarem mesmo dentro de suas próprias neuroses obsessivas e compulsivas, vindo a óbito por “causas naturais”.
O fato é que, quando esses idosos são dependentes devido as patologias oriundas de diabetes, hipertensão e suas comorbidades, esse quadro pode ser profundamente complexo uma vez que o TOC será o pior dos problemas quando sua  “vitima”   passa  a ser terceirizada ou seja,  não é mais o doente que terá que cumprir os comportamentos oriundos das obsessões, já que o doente não tem mais mobilidade, perde sua autonomia de executar a "grande necessidade" dos comportamentos obsessivos. Assim, essa tarefa é transferida para o seu cuidador. Este pode ser um parente, um amigo, ou mesmo um profissional contratado, quando a família possui recursos financeiros para tal. Afim de exemplificar melhor tal situação, analisarei um Caso concreto ao qual, solicito opiniões e sugestões para minimizar o sofrimento do cuidador, não mais do paciente.

ESTUDO DE CASO:   paciente do sexo feminino, 93 anos, mãe de quatro filhos todos adultos. Duas mulheres e dois homens. Vem demonstrando ao longo da terapia, uma predileção pelos filhos do sexo masculino e, mais especificamente do primogênito. Este é portador de DML, Alcoolista e emocionalmente autista. Não demonstra nenhuma afetividade e/ou respeito por nenhum parente ou nenhuma autoridade extrafamiliar. É extremamente agressivo com os familiares e com a própria mãe. O outro filho é distante emocionalmente, também alcoolista , casado , pouco presente e, pouco paciente na presença da mãe idosa. Tem sua família e só comparece a residência da mãe quando pressionado. Não tem paciência com as condições de uma anciã doente e dependente. Dessa forma a paciente conta apenas com os cuidados das duas filhas, ambas acima dos 50 anos e uma delas também diabética com todas as comorbidades inerentes a patologia. A paciente   apresenta ulcera diabética na perna direita com 3 recidivas, nessa última atingindo o tendão calcâneo  (tendão de Aquiles). A gravidade da úlcera impediu a mobilidade tornando-se cadeirante e dependente total nas AVDs.

Comportamentos relacionados ao TOC: lavar as mãos todas as vezes que tiver que segurar um copo, um talher, um remédio, etc. Quando essas estão devidamente lavadas, comporta-se como um cirurgião na hora da cirurgia, mãos ao ar, aguardando a ajuda da “enfermeira” para colocar as luvas sem tocar em nada que possa contamina-la. Esse comportamento para um cirurgião é indicado e extremamente necessário. Para um paciente que não tem mobilidade nem para ir ao banheiro, é preocupante. Controlar a roupa de vestir. A lavagem e secagem da roupa: uma não pode estar perto da outra (calcinha não pode secar no varal perto da toalha,  a roupa deve passar por no mínimo três enxagues, etc.).  O tecido que cobre a cama e os travesseiros (no caso são 17, entre lençóis e travesseiros). A textura do tecido, se tem “ bolinhas” (formada pelo próprio tecido devido as lavagens) , se é mais  grosso (encorpado) pesado ou muito colorido, ou de determinada cor (vermelho, preto) , são descartados. Quanto ao medicamento: não aceita que o cuidador toque no  comprimido . Tem que vê-lo ser transferido da cartela direto a sua mão. No banho o cuidador precisa segurar o chuveirinho durante 15 min. Enquanto faz a higiene do rosto e das mães. Por não conseguir mais  realizar a própria higiene na genitália, o cuidador precisa de mais 20min. Entre passar o sabão, enxaguar, passar outro sabão, enxaguar novamente, etc.
Ao se deitar, os lençóis precisam obedecer uma ordem, e a aureola do lençol deve estar com  lado direito virado para a paciente. A pessoa testa cada uma para senti-los. Quanto aos cuidados com os olhos e mãos, possui vários guardanapos de tecidos brancos e macios (tem que ser brancos) e carrega-os no bolso do vestido (todos tem que ter bolsos, incluindo as camisolas). Devido ao próprio processo de envelhecimento, a pele do idoso é extremamente fina, extremamente sensível, com o excesso de lavagem e esfregar, corre sérios riscos de provocar lesões. Nesse caso específico o cuidador também está sob sérios riscos de ser julgado e condenado por incompetência no trato com o idoso.

Diante do caso, pergunta-se:

1.     O cuidador deve obedecer e executar todos os comportamentos obsessivos do paciente? Porque?

2.     A execução dos comportamentos obsessivos no lugar do idoso pode contribuir para melhora do quadro de saúde geral do paciente?

3.     Considerando que a medicação antidepressiva é administrada com mais outras 5 medicações ( diabetes, circulação, analgésico potentes, ante inflamatório, antibióticos para infecção urinária e para úlcera diabética, etc. etc.) o ante depressivo  teria condições de funcionar?

4.     Qual orientação poder-se-ia dar ao cuidador (familiar ou profissional ) para que esse não entre em colapso nervoso?

5.    Quando o paciente deixa de se alimentar para não ter que evacuar por extremo nojo das próprias fezes, o que fazer?


Ao considerar tal situação deve-se lembrar que, devido a idade avançada da paciente,  as confusões mentais frequentes, o histórico de vida e, principalmente a condição atual da cuidadora (filha) que também sofre da mesma patologia (diabetes , neuropatia diabética e outras comorbidades). É perfeitamente compreensível que os demais filhos e netos optam por não presenciar tais situações de extremo estresse ao ter que acompanhar no banho, no transporte para consultas e curativos, ou, passar a noite no mesmo local do idoso. Dessa forma em momentos de plena lucidez quando a paciente interroga sobre os filhos e netos, a verdade deve ser mascarada? Até que ponto a verdade nesse momento é importante?

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

POIS É: SOBRE ENVELHECER

POIS É : SOBRE ENVELHECER :
" Estamos envelhecendo. Não nos preocupemos!
De que adianta, é assim mesmo.
Isso é um processo natural. 
É uma lei do Universo conhecida como a 2ª Lei da Termodinâmica ou Lei da Entropia.
Essa lei diz que: A energia de um corpo tende a se degenerar
e com isso a desordem do sistema aumenta.
Portanto, tudo que foi composto será decomposto,
tudo que foi construído será destruído, tudo foi feito para acabar.
Como fazemos parte do universo, essa lei também opera em nós.
Com o tempo os membros se enfraquecem, os sentidos se embotam.
Sendo assim, relaxe e aproveite.
Parafraseando Freud: “A morte é o alvo de tudo que vive”.
Se você deixar o seu carro no alto de uma montanha,
daqui a 10 anos ele estará todo carcomido.
O mesmo acontece a nós.
O conselho é: Viva. Faça apenas isso. Preocupe-se com um dia de cada vez.
Como disse um dos meus amigos à sua esposa: “me use, estou acabando!”.
Hilário, porém realista.
Ficar velho e cheio de rugas é natural.
Não queira ser jovem novamente, você já foi.
Pare de evocar lembranças de romances mortos, vai se ferir com a dor que a si próprio inflige.
Já viveu essa fase, reconcilie com a sua situação e permita que o passado se torne passado.
Esse é o pré-requisito da felicidade. “O passado é lenha calcinada.
O futuro é o tempo que nos resta: finito, porém incerto” como já dizia Cícero.
Abra a mão daquela beleza exuberante, da memória infalível, da ausência da barriguinha,
da vasta cabeleira e do alto desempenho pra não se tornar caricatura de si mesmo.
Fazendo isso ganhará qualidade de vida.
Querer reconquistar esse passado seria um retrocesso e o preço a ser pago será muito elevado.
Serão muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim você verá que não ficou como outrora.
A flor da idade ficou no pó da estrada.
Então, para que se preocupar?
Guarde os bisturis e toca a vida.
Para que se preocupar com as rugas, você demorou tanto para tê-las!
Suas memórias estão salvas nelas.
Não seja obcecado pelas aparências, livre-se das coisas superficiais.
O negócio é zombar do corpo disforme e dos membros enfraquecidos.
Essa resistência em aceitar as leis da natureza
acaba espalhando sofrimento por todos os cantos.
Advêm consequências desastrosas quando se busca a mocidade eterna,
as infinitas paixões, os prazeres sutis e secretos,
as loucas alegrias e os desenfreados prazeres.
Isso se transforma numa dor que você não tem como aliviar e
condena a ruína sua própria alma.
Discreto, sem barulho ou alarde, aceite as imposições da natureza e viva a sua fase.
Sofrer é tentar resgatar algo que deveria ter vivido e não viveu.
Se não viveu na fase devida o melhor a fazer é esquecer.
A causa do sofrimento está no apego,
está em querer que dure o que não foi feito para durar.
É viver uma fase que não é mais sua.
Tente controlar essas emoções destrutivas e os impulsos mais sombrios.
Isso pode sufocar a vida e esvaziá-la de sentido.
Não dê ouvidos a isso, temos a tentação de enfrentar crises sem o menor fundamento.
Sua mente estará sempre em conflito se ela se sentir insegura.
A vida é o que importa. Concentre-se nisso.
A sabedoria consiste em aceitar nossos limites.
Você não tem de experimentar todas as coisas, passar por todas as estradas
e conhecer todas as cidades. Isso é loucura, é exagero.
Faça o que pode ser feito com o que está disponível.
Quer um conselho? Esqueça.
Para o seu bem, esqueça o que passou.
Tem tantas coisas interessantes para se viver na fase em que está.
Coisas do passado não te pertencem mais.
Se você tem esposa e filhos, experimente vivenciar algo que ainda não viveram juntos,
faça a festa, celebre a vida, agora você tem mais tempo,
aproveite essa disponibilidade e desfrute.
Aceitando ou não o processo vai continuar.
Assuma viver com dignidade e nobreza a partir de agora.
Nada nos pertence.
O que importa é o que está dentro de nós; a velha máxima continua atual como nunca:
“quem tem muito dentro precisa ter pouco fora”.
Esse é o segredo de uma boa vida.. . "