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quarta-feira, 19 de junho de 2019

Leitura e Escrita no Processo da Alfabetização de Criança com Dislexia

Leitura e Escrita no Processo da Alfabetização de Criança com Dislexia
(Tempo de leitura: 22 - 44 minutos)
Resumo: A leitura das obras de vários autores resultou no processo importante de construção desta pesquisa que tem por objetivo descrever a importância da Leitura e da Escrita no processo de alfabetização de crianças disléxicas. As dificuldades para alfabetizar uma criança é realmente muito grande, mas, nos dias atuais os mecanismos para desenvolver este trabalho são satisfatórios e permite que o alfabetizador vá em busca de  novos desafios e técnicas para ministrar em suas aulas. É através da leitura e da escrita que a criança começa seu processo de alfabetização mediante ao trabalho do educador, ela por si só não consegue adquirir esta nova experiência. E sendo a alfabetização uma fase lenta, torna-se mais difícil a investigação das crianças quando existe dislexia, mas que quando desenvolvida com prazer, ela tende a dar excelentes resultados, cabe ao professor dedicação para desenvolver esta tarefa. No entanto, muitos profissionais estão fazendo com que crianças saiam do 5º para o 6º ano do ensino fundamental nas escolas pública ou particular sem saber ler e escrever corretamente. Muitas destas crianças saem com esta defasagem por não ser estimulado pelos pais e profissionais que juntos, não despertaram o habito da leitura e passam a conviver com o sofrimento dos erros gritantes quando precisam por em pratica a escrita. No entanto, a falta destas práticas em algumas escolas, faz com que muitas crianças em nível de alfabetização sofram estas e outras consequências. 
Palavras-chave: Leitura, Escrita, Alfabetização, Dislexia.

1. Introdução    

A presente pesquisa procurou abordar os aspectos relacionados com a Leitura, Escrita, Linguagem, Língua e Fala no processo da alfabetização. Com objetivo de reflexionar possíveis maneiras de inserir a criança em contato com a leitura e a escrita durante a alfabetização.
Além de descrever uma análise bibliográfica sobre os processos essenciais do desenvolvimento da criança em Língua Materna na alfabetização, em conjunto com a prática da língua(gem), visa entender qual é a importância da Leitura e da Escrita no durante da alfabetização, pois há diversas barreiras que educando e educador encontraram em sala de aula quando não se tem incentivos de leitura e escrita no ambiente familiar.
Edgar Morin (2002), diz que “conhecer o humano é, antes de tudo, situá-lo no universo, e não separá-lo dele”. Em nenhum centro educacional haverá separação da criança com o mundo familiar. É isso que os educadores de Língua Materna buscam cotidianamente, a interação de alunos com os professor e pais para que haja um excelente desenvolvimento na educação.
O educador, independentemente da disciplina que lecionar, deverá desenvolver este hábito de leitura com seus alunos. Morin (2002), diz que “ficará registrado os rastros na areia”, o professor será o mediador para que rastros apareçam no caminho que a criança percorrerá.
Quando é identificada a realidade da criança com a escola, procura-se entender que a escola será para a maioria das crianças apenas um momento. Um momento breve, mas de enorme importância, o qual exigirá muito da competência do profissional de educação registrar juntos os passos da criança na areia do conhecimento.
A disciplina de Língua Portuguesa, sendo uma das línguas mais difíceis de aprender, ajudará o aluno a praticar a leitura juntamente com a escrita. São muitas as crianças com defasagem na leitura e na escrita, principalmente dentro de escolas públicas. Devido à grande quantidade de alunos dentro delas, e o pouco tempo que os mestres têm para desenvolver sua aula planejada, a correção ortográfica e o auxílio para com a leitura ficam a desejar. Por isso que elas deverão ter hábito de ler para não aparecer os erros gritantes na tentativa de escrever.
No entanto, a falta de leitura e da prática da escrita (em algumas escola pelo simples motivo de vencer apostilas) faz com que muitas de nossas crianças em nível de alfabetização sofram estas e outras sérias consequências. Sendo assim, se a criança for estimulada a ler em casa no início da sua alfabetização, poderá a se tornar uma leitora, mas o papel da escola e da casa deve ser concomitante. Precisa haver sempre a motivação pela equipe pedagógica, independentemente da classe social que a criança se encontrar.
É por esta razão, que as leituras realizadas até o presente momento em pesquisas bibliográficas e artigos científicos, descrevem a importância da Leitura e da Escrita no processo de alfabetização de crianças com dislexia.

2. Referencial Teórico

Chama-se Língua Materna a primeira língua desenvolvida em casa, a língua nativa da comunidade. Antigamente era estimulada em casa pelas mães, no ambiente familiar e no convívio social. Mas nem todas as crianças possuem esta habilidade da fala, algumas nascem com algum tipo de transtorno [1], outras sofrem com o atraso do desenvolvimento da língua(gem).
Quando a criança [2] entra em contato com o ambiente escolar, ela tem uma noção pré-inicial da linguagem falada, não tem o domínio da escrita e não sabe ler e escrever, portanto, irá “exercer as práticas sociais de leitura e de escrita que circulam na sociedade em que vive, conjugando-as com as práticas sociais de interação oral” (SOARES, 1999, p. 3). Caminhará para o processo do letramento. Para Soares (2003), letramento é: 
O resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita; O estado ou condição que adquire um grupo social ou indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais.
Processo que acontece além de aprender a ler, fundamentado no domínio de competências de uso da leitura e da escrita. O letramento vai além do conceito de escolaridade e de alfabetização, ele extrapola o mundo da escrita.
Dentro do campo de língua materna fala-se muito de aquisição de linguagem, mas o que é a linguagem? Segundo o dicionário Aurélio, “Linguagem é a expressão do pensamento pela palavra, pela escrita ou por meio de sinais, é o significado de cada coisa, a voz dos animais, estilo, conjugação dos verbos”.
Faraco e Moura (1999) explicam que as primeiras civilizações usavam a linguagem de sinais por meio dos desenhos nas pedras das cavernas e por gestos corporais, sendo que estes eram e ainda são uma forma de expressão. Como já era usada pelos povos antigos, a linguagem ficou conhecida com parte da cultura, uma das características da espécie do ser humano, uma representação do mundo que construído.
Por conseguinte, é durante a alfabetização que podemos despertar na criança o gosto pela leitura e escrita. O que é alfabetização? É o ensino-aprendizagem do sistema alfabético de escrita.
Imagina-se o início de ano letivo, aluno de 1º ano, tudo novo, não é mesmo? O pesquisador entende isso como um problema nas escolas públicas, pois lá são encontradas crianças de classe baixa e média; as de classe média já vêm com uma base sobre este mundo mágico, o que facilita para o professor aprimorar seus conhecimentos. O problema entendido então, é todo o processo que o professor terá em habituar a criança com este material didático: “livros de leitura”. Segundo Luzia de Maria (2002) “a função dos professores não é ensinar a ler, mas sim ajudar as crianças a ler”.
O que é Leitura então? Coimbra e Chaves (2012) dizem que “leitura é um processo interativo, formado pela tríade leitor, texto e autor, [...] Ora o foco é o leitor, ora é o texto/autor”.
Com a leitura e escrita, é possível identificar as crianças que sofrem com a dislexia. Fernandes e Penna (2008) destacam como características frequentes:
Inconstâncias no desempenho;- lentidão; dificuldades com sons; dificuldades em nomear objetos ou tarefas; dificuldades em organização sequencial, tempo, espaço, direção, memorização; aglutinações, soletração difícil; escrita incorreta; elegibilidade; persistência nos erros, mesmo recebendo ajuda; troca de letras, sílabas ou palavras.
Essas dificuldades resultam no processo de aprendizagem da criança disléxica e deixa um espaço para que o professor possa estar adaptando novas formas de ensino para atender seu aluno.

3. Língua Materna

Chamada Língua Materna, em muitos lugares ainda [3] é a primeira língua desenvolvida em casa, a língua nativa da comunidade, aquela qual era estimulada em casa pelas mães, no ambiente familiar e no convívio social. Língua materna, porque vem do berço, originária da cultura que o indivíduo possui.
Não são todas as crianças que possuem esta habilidade da fala, algumas nascem com algum tipo de transtorno [4] , outras sofrem com o atraso do desenvolvimento da língua(gem). Segundo Pinker (in Paiva, 2012) “Quanto à língua materna, são raros os casos de pessoas que chegam à puberdade sem tê-la adquirido. Até os deficientes auditivos têm mais facilidades de aprender a língua de sinais antes da fase adulta.
Para Pinker (in Paiva, 2012) os bebês não nascem falando porque seu cérebro não se formou totalmente, isso acontece quando este atinge os dezoito meses. 
Seguindo as leituras, compreende-se que o cérebro de uma criança passa por vários processos de ganhos e perdas neurais durante a gestação. Sendo assim, as crianças começam a balbuciar quando o cérebro atinge a formação quase que completa. Neste caso, as crianças vão aprimorando os sons que ouvem, transmitido-os, muitas vezes sem sentidos, mas ao longo do tempo estes códigos começam a ganhar força iniciando o desenvolvimento da língua materna .
Segundo Faraco e Castro (1999):
O ensino de língua materna, desde as primeiras letras até o estudo da nossa tradição literária, tem sido alvo de preocupação de especialistas das mais variadas áreas. Assim, o ensino de linguagem, de um modo geral, vem sendo há algum tempo tema de discussão de gramáticos, pedagogos, psicólogos etc. que, evidentemente, centraram seus estudos e críticas segundo pressupostos e pontos de vista próprios às suas áreas de conhecimento.
Quando a criança [5]  entra em contato com o ambiente escolar, ela possui uma noção pré-inicial da linguagem falada, pois nesta fase a perda de neurônios começa a se estabilizar. Ela não tem o domínio da escrita, não sabe ler e escrever, sendo assim, irá “exercer as práticas sociais de leitura e de escrita que circulam na sociedade em que vive, conjugando-as com as práticas sociais de interação oral” (SOARES, 1999). Essa interação fará com que o indivíduo caminhe para o processo do letramento, que para Soares (2003), letramento é:
O resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita; O estado ou condição que adquire um grupo social ou indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais. 
O resultado deste processo é aquele que acontece além do aprender a ler, fundamentado no domínio de competências de uso da leitura e da escrita. O letramento vai além do conceito de escolaridade e de alfabetização, ele extrapola o mundo da escrita.
Entende-se que os educadores não ensinam a língua materna da mesma forma como é ensinada a matemática, a base das quatro operações e as interpretações de problemas. Neste caso, o professor ensinou os processos da matemática que levou o aluno a adquirir novo conhecimento. Certos de que o ensino de LM nas escolas representa ideologicamente a influência na educação brasileira, e esta classe dominante é a linguagem.
 Porém, esta ideologia é compreendida da maneira que o educador acredita ter um papel fundamental para o desenvolvimento do processo educativo da língua. Pois, segundo TEIXEIRA (2003):
Ao professor de língua não cabe ensinar ao aluno a língua que ele já domina, mas desenvolver progressivamente o conhecimento lingüístico que ele possui. O professor pode, sim, fazer com que o aluno cresça em sua linguagem, aumente seu vocabulário, tome consciência das potencialidades da língua.
Para o autor, acredita-se que é na língua materna que se inicia o desenvolvimento da língua(gem), mesmo para aqueles que usam a língua de sinas [6], e ela só termina quando este deixar de existir, ou seja, quando morrer.
A linguagem passará a ser um processo contínuo e necessário para o indivíduo em sua aprendizagem. Como afirma Parolin (2007):
“a aprendizagem acontece em um movimento de construção e reconstrução de nós mesmos, do outro, da realidade que nos circunda e do próprio conhecimento. Tentar trabalhar em uma dessas instâncias isoladamente é ineficaz, pois só iria dividir o que é indivisível”.
 Não há maneiras de dividir quando o assunto deve-se somar no conhecimento. Fregonezi (1999) diz que “O que ensinar em língua materna” é extremamente importante, pois poderá agravar sérias consequências na vida do aprendiz.
Se o que ensinar é importante, quem ensina também é. Há muitos professores não habilitados na área de língua portuguesa que passam em concursos e começam a trabalhar com a alfabetização imaginando que ensinar português seja uma tarefa fácil. Poderão estar trabalhando, de forma ingênua, com a desmotivação contínua da criança. Segundo Teberosky (2003), é de especial importância apresentar às crianças os suportes de linguagem escrita, em particular os livros e, sobretudo, suportes que, nos lares das crianças, são poucos frequentes.
Portanto, cabe ao professor alfabetizador, estudar os planejamentos das atividades a serem ministradas com os pequenos aprendizes. Pois este precisará ser instigante, e sempre atento ao uso da língua(gem) para a escrita, porque será o meio de impor as regras gramaticais que constantemente o educando usará no desenvolver da fala e da escrita.

3.1 Linguagem, Língua e Fala

Dentro do campo de língua materna, fala-se muito de aquisição de linguagem. No entanto, o que é a linguagem? Segundo o dicionário Aurélio (Ferreira 2003), “Linguagem é a expressão do pensamento pela palavra, pela escrita ou por meio de sinais, é o significado de cada coisa, a voz dos animais, estilo, conjugação dos verbos”.
Faraco e Moura (1999) explica que as primeiras civilizações usavam a linguagem de sinais através dos desenhos em pedras dentro das cavernas e por gestos corporais, eram e ainda são considerados uma forma de expressão. DERDYK (1990), explica que:
O homem sempre desenhou. Sempre deixou registros gráficos, índices de sua existência, comunicados íntimos destinados à posteridade. O desenho, linguagem tão antiga e tão permanente, sempre esteve presente, desde que o homem inventou o homem. Atravessou as fronteiras espaciais e temporais, e, por ser tão simples, teimosamente acompanha nossa aventura na Terra.
Como já era usada pelos povos antigos, a linguagem ficou conhecida com parte da cultura, uma das características da espécie do ser humano, uma representação do mundo construído.
Ao falar de linguagem, língua e fala, busco orientações em Ferdinand Saussure, o pai da Linguística [7]  (in Paiva 2012) ele estabelece uma série de definições e distinções sobre a natureza da linguagem, podendo ser resumida em:
  1. A diferenciação entre langue (língua), sistema de signos presentes na consciência de todos os membros de uma determinada comunidade lingüística, e parole (discurso), realização concreta por cada um dos membros da comunidade;
  2. A consideração do signo lingüístico, elemento essencial na comunidade humana, como a combinação de um significante (expressão) e um significado (conteúdo), cuja relação arbitrária se define em termos sintagmáticos (entre os elementos que se combinam na sequência do discurso) ou paradigmáticos (entre os elementos capazes de aparecer no mesmo contexto); e
  3. A distinção entre o estudo sincrônico da língua, ou seja, a descrição do estado estrutural da língua em um dado momento, e o estudo diacrônico, descrição da evolução histórica da língua, que leva em conta os diferentes estágios sincrônicos.
Por meio deste conceito de linguagem, língua e fala deixado por Saussure, entende-se que é através da linguagem que o homem se organiza e dá forma às suas experiências. Segundo as DCE [8] 
“a contextualização na linguagem é um elemento constitutivo da contextualização sócio- histórica e, nestas diretrizes, vem marcada por uma concepção teórica fundamentada em Mikhail Bakhtin. Para ele, o contexto sócio- histórico estrutura o interior do diálogo da corrente da comunicação verbal entre os sujeitos históricos e os objetos do conhecimento. Trata-se de um dialogismo que se articula à construção dos acontecimentos e das estruturas sociais, construindo a linguagem de uma comunidade historicamente situada. Neste sentido, as ações dos sujeitos históricos produzem linguagem que podem levar a compreensão dos confrontos entre conceitos e valores de uma sociedade”
Bakhtin acredita que o diálogo engloba qualquer comunicação oral, de todas as espécies. Este conceito é praticamente a alma de sua teoria linguística. Compreende, no entanto, que nem mesmo o macaco, um animal tão inteligente, possui este dom de desenvolver o diálogismo. Os papagaios emitem sons parecidos com o homem, mas seu cérebro é capaz de armazenar somente o que ouve no momento, sem competência para criar frases, é a repetição das palavras ouvidas.
Isso também acontece com os bebês, suas primeiras palavras são repetições, pois, ao começar a estimular, a fala da criança sofrerá momentos de aquisição de sua elocução. Todas as palavras que a criança ouvir, dependendo da mesma, a partir dos sete meses começará a replicar o que ouvir. Vale lembrar que o cérebro da criança só está pronto em torno dos sete anos.
MARCUSCHI (2007) diz que:
Seguramente, todos concordam que a língua é um dos bens sociais mais preciosos e mais valorizados por todos os seres humanos em qualquer época, povo e cultura. Mais do que um simples instrumento, a língua é uma prática social que produz e organiza as formas de vida, as formas de ação e as formas de conhecimento. Ela nos torna singular no reino animal, na medida em que nos permite cooperar intencionalmente, e não apenas por instinto. Mais do que um comportamento individual, ela é atividade conjunta e trabalho coletivo, contribuindo de maneira decisiva para a formação de identidades sociais e individuais.
A língua que uma criança aprende, faz-se a partir dos modelos que existem em seu convívio, qualquer que seja a situação. Pesquisadores analisaram a interação entre filhos de um ano e seus pais, e chegaram à conclusão de que não é a quantidade de palavras que o bebê ouve, mas sim a forma como as palavras são ditas que estimulam a fala e a formação do vocabulário (Revista Crescer 2015). Sendo de fundamental importância que os pais fiquem atentos como falam com seus filhos em casa, não usem a linguagem dos bebês e não os vejam como coitadinhos usando expressões erradas ao se comunicarem com os mesmos.
Visto que “a língua não é uma estrutura uniforme, mas pode ser um ponto de partida para uma nova imagem do professor de língua materna” (Possenti; Ilari, 1992), subentende-se que o professor tem muitas informações sobre a língua para trabalhar em sala de aula. Dependendo do ambiente que a pessoa esteja, ela poderá usar da linguagem formal, informal, corporal ou a mista. Mas o pesquisador foca-se somente da linguagem dentro do processo de desenvolvimento da criança na leitura e escrita.
Vygotsky (1998) identificou dentro de suas experiências descritas “três instrumentos utilizados pelas crianças que carregam em si simbolismos com a aprendizagem de escrita: os gestos, o brinquedo e o desenho. Junqueira Filho (2005) nos diz que o desenho é uma linguagem com estrutura e regras próprias de funcionamento. A linguagem do desenho da criança, e as expressões demonstradas podem dizer muitas coisas, pois são fontes dentro da psicologia para diagnosticar uma dificuldade que a criança porventura esteja passando, onde muitas vezes são ignoradas pelos pais por não entenderem este lado psíquico de seus filhos.
Para os PCNs (1997), “o ensino da língua é considerado um ponto de partida, pois é onde inicia, e também um ponto de chegada para o desenvolvimento da linguagem”. Ora seja com brinquedos ou os simples gestos da criança, ela está aprendendo e sendo educada pelos professores mediadores da educação.
Quando uma criança está diante de um adulto “professor” é fácil perceber que treme suas perninhas devido a diferença da linguagem; ou seja, a criança está desenvolvendo sua linguagem, enquanto seu professor já formou-a. É entendido este encontro como uma barreira para a criança, por não se sentir segura em dialogar com seu professor para não falar errado. O que eles não imaginam é que o adulto, já foi criança também e errou muito durante a ampliação da oralidade. Vygotsky (1984), diz que no desenvolvimento cultural da criança, toda função aparece duas vezes, primeiro em nível social, quando sofre com a modelagem da fala, depois individual, quando ela entende o amadurecimento completo da língua.
A linguagem possui muitas definições, conforme estudos realizados. Porém, todas as fontes analisadas tratam de focar n a mais aceita, de que ela é um signo de comunicação e que cada espécie de ser vivo possui a sua linguagem.
Para Casagrande (2015):
O ensino de Língua Portuguesa deve considerar o modo de o aluno falar, sensibilizá-lo da importância de saber escolher a variedade linguística adequada a cada situação para que com o decorrer do tempo ele possa ingressar sua fala no padrão culto.
Segundo Casagrande (2015), desenvolver a linguagem é prazeroso quando treinado com constante nível de leitura. A participação social para os pequenos pode ser, de início, um trauma muito grande se não souber como estimular. Para Fregonezi (1999):
“a consequência inevitável, diante da situação descrita, é que o aluno descobre que o código de comunicação utilizado por ele é rejeitado pelo sistema escolar. Passa a ter receio de comunicar-se, pois ainda não incorporou a linguagem “certa”, a linguagem “padrão” da escola. Aos poucos vai perdendo o incentivo de comunicar-se, quer oralmente, quer por escrito e vai criando barreiras diante desta atividade escolar.”
A escola precisa ficar atenta para que a criança não se feche, se isso acontecer, ela irá precisar de acompanhamento psicológico urgente, para não sofrer com bullying [9].
Já para os adultos, este convívio com a sociedade, quando bem trabalhada na infância, tende a superar grandes obstáculos. Os autores dos PCNs (1997), dizem que:
Dessa forma, se produz linguagem tanto numa conversa de bar, entre amigos, quanto ao escrever uma lista de compras, ou ao redigir uma carta — diferentes práticas sociais das quais se pode participar. Por outro lado, a conversa de bar na época atual diferencia-se da que ocorria há um século, por exemplo, tanto em relação ao assunto quanto à forma de dizer, propriamente — características específicas do momento histórico. Além disso, uma conversa de bar entre economistas pode diferenciar-se daquela que ocorre entre professores ou operários de uma construção, tanto em função dos registros e do conhecimento lingüístico quanto em relação ao assunto em pauta. 
É assim que desenvolvemos nossa língua, utilizando-a. Pois existem, portanto, dois tipos de língua, a falada e a escrita. Na língua falada, o falante monitora a própria fala, utiliza-se de entonação, gestos, expressões para acrescentar sentido ao que está sendo dito. O contexto da escrita é diferente. Há um distanciamento entre o escritor e leitor. Eles ocupam tempo e espaço diferente, mas, mesmo assim, podemos dizer que a interação permanece uma vez que quem define o estilo, a linguagem e o gênero do texto escrito é o próprio leitor.
Estas diferenciações da fala e da escrita na língua são tópicos de estudos dentro da ciência que estuda a linguagem. Onde os educadores são fundamentais no desenvolvimento do processo educativo, por acreditar que é na língua materna que se inicia o desenvolvimento da língua (gem) e só termina no fim de sua vida; passa a ser um processo contínuo e necessário para o indivíduo. Para que não se pareça com um “adulto em miniatura”, a leitura é, portanto, um meio de transporte da fala para a escrita.

4. Leitura e Escrita no Processo de Alfabetização

É durante a alfabetização que desperta na criança o gosto pela leitura e pela escrita, portanto, para entender o conceito do que é alfabetização, busco orientações em Ferraz e Santos (2007):
A alfabetização considerada como o ensino das habilidades de “codificação” e “decodificação” foi transposta para a sala de aula, no final do século XIX, mediante a criação de diferentes métodos de alfabetização – métodos sintéticos (silábicos ou fônicos) x métodos analíticos (global) –, que padronizaram a aprendizagem da leitura e da escrita.
Segundo as autoras, a alfabetização foi transportada para a sala de aula por meio das cartilhas usadas na época do século XIX. Iniciou-se este lento processo, passando por muitas dificuldades com relação ao desenvolvimento das crianças, por não ter o conhecimento de uma dislexia ou síndromes quaisquer, apenas os que permaneciam em leitos eram considerados doentes.
Sem afirmar que uma criança disléxica seja doente, ela precisa de apoio para que o processo de alfabetização seja produtivo, para que chegue a compreensão da importância que é na vida do ser humano “o ensino-aprendizagem do sistema alfabético de escrita, ou, na leitura a capacidade de decodificar os sinais gráficos, transformando em sons, e na escrita a capacidade de decodificar os sons da fala, transformando em sinais gráficos (BRASILIA, 2012)”.
Quando a criança chega numa sala de aula, ela se sente desprotegida. Esta insegurança deverá fazer com que os professores acolham e despertem nela uma atenção comovente para desencadear este desejo de aprender.
Imagina-se o início de ano letivo, aluno de 1º ano, tudo novo, não é mesmo? O pesquisador entende como um problema nas escolas públicas, pois lá são encontradas crianças de classe baixa e média, as de classe média já vêm com uma base sobre este mundo mágico conhecido por meio da leitura, o que facilita para o professor aprimorar seus conhecimentos. Emilia Ferreiro, pesquisadora e escritora, através das experiências obtidas ao longo do tempo diz que: (1999), a alfabetização começa em:
- Restituir a língua escrita seu caráter de objeto social;
- Desde o início (inclusive na pré-escola) se aceita que todos na escola podem produzir e interpretar escritas, cada qual em seu nível;
- Permite-se e estimula-se que a criança tenha interação com a língua escrita, nos mais variados contextos;
- Permite-se o acesso o quanto antes possível à escrita do nome próprio;
- Não se supervaloriza a criança, supondo que de imediato compreenderá a relação entre a escrita e a linguagem.
- Não se pode imediatamente, ocorrer correção gráfica nem correção ortográfica.
Em análises, o que a autora escreve identifica muito nos dias atuais professores em sala de aula corrigindo seus alunos com canetas vermelhas se nem mesmo conseguir expor corretamente a linguagem. Muitos alunos, enquanto estão em casa, precisam “ajudar” os pais, enquanto os pais não ajudam as crianças. Ferreiro (1999) ressalta que:
Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita serve para escrever coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as que terminam de alfabetizar-se na escola, mas começaram a alfabetizar muito antes, através da possibilidade de entrar em contato, de interagir com a língua escrita. Há outras crianças que necessitam da escola para apropriar-se da escrita.
As pequenas leituras realizadas em casa causam grandes evoluções para a criança, por que a leitura é uma competência cultural específica que se baseia no conhecimento da linguagem oral (Teles, 2004). O problema entendido, então, é todo o processo que o professor terá em habituar a criança com este material didático “livros de leitura”. Segundo Luzia de Maria (2002) “a função dos professores não é ensinar a ler, mas sim ajudar as crianças a ler”.
Ler não é simplesmente conhecer um mundo, e sim adentrar dentro dele, conhecer os quatro pilares que ele possui. Ler é como viajar para um mundo sem retorno. Buscar na viagem do escritor a essência das belas palavras. O perfume mais suave que possa existir.
Ainda para Teles (2004)
[...] para aprender a ler é necessário ter uma boa consciência fonológica, isto é, o conhecimento consciente de que a linguagem é fonema por palavras por silabas, e as silabas por fonemas e que os caracteres do alfabeto representam esses fonemas. 
Ler não é ver o que está escrito, e sim, enxergar as entrelinhas, ir além das palavras, construir sua visão. É ser questionado pelo mundo e por si mesmo, e saber que certas respostas só serão encontradas na próxima leitura.
O processo de leitura é muito amplo, não se aprende a ler e a escrever por meio de memorização. A coordenação motora precisa ser exercitada com as letras e os sons das palavras através da caligrafia.
Na fase pré-escolar, é estimulada a leitura, sucinta, inocente, que deve acontecer de forma prazerosa. É de grande importância que os pais entendam que este desenvolvimento é lento, pois se desenvolvem as quatro destrezas através da leitura, mesmo que “brincando”. Titula-se como conhecimento prévio o que a criança leva para sala de aula;, ela é entendida como um papel em branco, e são os educadores que transcreveram nestas linhas.
O que é Leitura então? Coimbra e Chaves (2012) dizem que “leitura é um processo interativo, formado pela tríade leitor, texto e autor, [...] Ora o foco é o leitor, ora é o texto/autor”.
O processo interativo acontece quando já está formado o leitor ativo, um trabalho extenso, muito exigente, mas muito gratificante quando este consegue ler as entrelinhas de qualquer gênero literário [10].
Segundo Magda Soares (2004), a alfabetização deve ser focada sob dois aspectos: aquisição e desenvolvimento da linguagem oral e escrita, porém a alfabetização tende ultrapassar as barreiras do ler e escrever. Já os PCNs (1997), dizem que o simples fato da criança conquistar a escrita alfabética não garante ao aluno a compreensão e a produção de textos escritos. Ela precisa aprender a decodificar todas as palavras que visualiza, pois sua memória é de curto prazo e tem pequeno limite de capacidade, não consegue buscar os sentidos daquilo que leu.
O processo do desenvolvimento da criança na alfabetização é essencial, e árduo e muito doloroso para quem está iniciando. Precisa muita motivação. O ambiente de leitura, como também já vista a questão social, influenciam na alfabetização, que é composta por duas fases: a pré-silábica, a silábica e a continuação durante o seu processo.
Estas fases são de extrema importância para o desenvolvimento da língua(gem) escrita da criança. Se a língua é um código, então, quanto mais praticado este código for, mais ampla a linguagem da criança será.
Segundo os PCNs (1997) precisamos “(...) compreender que a alfabetização não é um processo baseado em perceber e memorizar, e, para aprender a ler e a escrever, o aluno precisa construir um conhecimento de natureza conceitual: ele precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a linguagem”.
Em Ferreiro (2001) compreendemos que a aquisição da leitura e da escrita pode vir mediante ao brincar. 
[...] A criança que cresce em um meio “letrado” está exposta à influência de uma série de ações. E quando dizemos ações, neste contexto, queremos dizer interações. Através das interações adulto-adulto, adulto-criança e crianças entre si, criam-se as condições para a inteligibilidade dos símbolos. A experiência com leitores de textos informa sobre a possibilidade de interpretação dos mesmos, sobre as exigências desta interpretação e sobre as ações pertinentes, convencionalmente estabelecidas [...]. A criança se vê continuamente envolvida, como agente e observador, no mundo “letrado”. Os adultos lhe dão a possibilidade de agir como se fosse leitor – ou escritor -, oferecendo múltiplas oportunidades para sua realização (livros de histórias, periódicos, papel e lápis, tintas, etc.). O fato de poder comportar-se como leitor antes de sê-lo, faz com que se aprenda precocemente o essencial das práticas sociais ligadas à escrita
Mesmo depois de ser alfabetizado com as inúmeras opções que um professor tem para realizar esta tarefa com seus alunos, o indivíduo pode não necessariamente ser letrado, pois o letramento é a associação do contínuo uso da escrita em suas variadas circunstâncias.
Cabe então ao professor alfabetizador, conhecer seus alunos acima de tudo, pois não são todos iguais. A maneira de aprender é diferenciada, cada um é diferente um do outro, e a partir desta diferenciação saberá em qual nível estará a criança quando iniciar o processo da alfabetização, resultando num prévio diagnóstico dentro da classe.
Sendo assim, entende-se que é um longo caminho a seguir. É necessário alcançar um domínio da modalidade escrita da língua. O que significa para os educadores, um constante ligamento com uma boa leitura e com a “facilidade” para levantar críticas sobre as bibliografias apresentadas.

5. O Que é Dislexia?

O termo dislexia significa "dificuldades na leitura e na escrita", vem do latim onde dis = distúrbio,  (latim) = lexia leitura; (grego) = linguagem. Mas devido às inúmeras fontes escritas e em cada uma, uma colocação diferenciada, crê-se que a dislexia, segundo a ABD[11], seja: 
 “Um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico de origem constitucional caracterizado por uma dificuldade na decodificação de palavras simples que, como regra, mostra uma insuficiência no processamento fonológico. Essas dificuldades não são esperadas com relação à idade e a outras dificuldades acadêmicas cognitivas; não é um resultado de distúrbios de desenvolvimento geral nem sensorial. A dislexia se manifesta por várias dificuldades em diferentes formas de linguagem freqüentemente incluindo, além das dificuldades com leitura, uma dificuldade de escrita e soletração.”
Por ser um dos muitos distúrbios de aprendizagem, é que acredita-se que o educador deve conhecer seus alunos antes mesmo de querer alfabetizá-los. Todos falam a mesma língua materna e buscam trabalhar para que ela seja compreendida e entendida, desta forma, tem-se a linguagem como ferramenta importante para desempenhar esta tarefa, sendo ela fundamental para o sucesso escolar.
Como a dislexia se manifesta em várias situações, fica mais fácil entender que não é só através de falta de leitura e prática da escrita que ela aparece, mas tenha algo talvez muito mais sério por trás do psicológico dessa criança. Para Condemarim (1986), expressa seu ditado sobre dislexia dizendo que:
“é um conjunto de sintomas reveladores de uma disfunção parietal (o lobo do cérebro onde fica o centro nervoso da escrita), geralmente hereditário, ou às vezes adquirida, que afeta a aprendizagem da leitura num contínuo que se estende do leve sintoma ao severo. É frequentemente acompanhada de transtorno na aprendizagem da escrita, ortografia, gramática e redação.”
Estes sintomas são frequentemente encontrados nos alunos. Sendo muitas vezes ignorados devido à falta de conhecimento e leituras sobre o assunto. Para entender o que é dislexia é preciso conhecer como funciona o cérebro, pois segundo Selikowitz (2001):
Diferentes partes do cérebro exercem funções específicas. A área esquerda do cérebro, por exemplo, está mais diretamente  linguagem; nela foram identificadas três sub-áreas distintas: uma delas processa fonemas, outra analisa palavras e a última reconhece palavras. Essas três subdivisões trabalham em conjunto, permitindo que o ser humano aprenda a ler e escrever. Uma criança aprende a ler ao reconhecer e processar fonemas, memorizando as letras e seus sons.

Atualmente, existem cerca de milhões de pessoas portadoras de dislexia, entre elas, ricos e pobres, famosos ou garis, grandes ou pequenos. Não importa a classe social que o indivíduo esteja, podendo ela ser hereditária ou não. Segundo o IBGE (2010), o Brasil tem cerca de 190 milhões de habitantes, dos quais quase 45 milhões de crianças e adolescentes estão matriculados no ensino regular. Se considerar a prevalência reservada de 4% de alunos disléxicos, ainda assim estaremos diante de 1.8 milhões de brasileiros nessa condição.
Outras informações da ABD, destes 45 milhões de crianças matriculadas em ensino fundamental, em média 40% dos casos registrados estão na faixa mais crítica, entre dez a doze anos são de grau severo, 40% são moderados e somente 20% são leves.
Para chegar a este resultado, Conforme Ianhez e Nico (2002), a dislexia pode ser classificada em:
Dislexia disfonética: dificuldades de percepção auditiva na análise e síntese de fonemas, dificuldades temporais, e nas percepções da sucessão e da duração (troca de fonemas – sons, grafemas – diferentes, dificuldades no reconhecimento e na leitura de palavras que não têm significado, alterações na ordem das letras e sílabas, omissões e acréscimos, maior dificuldade na escrita do que na leitura, substituições de palavras por sinônimos);
Dislexia diseidética: dificuldade na percepção visual, na percepção gestáltica, na análise e síntese de fonemas (leitura silábica, sem conseguir a síntese das palavras, aglutinações e fragmentações de palavras, troca por equivalentes fonéticos, maior dificuldade para a leitura do que para a escrita);
Dislexia visual: deficiência na percepção visual; na coordenação visomotora (não visualiza cognitivamente o fonema);
Dislexia auditiva: deficiência na percepção auditiva, na memória auditiva (não audiabiliza cognitivamente o fonema).
Dislexia mista: que seria a combinação de mais de um tipo de dislexia.
Para Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2006), é possível classificar a dislexia em três tipos: 
Dislexia fonológica (sublexical ou disfonética): caracterizada por uma dificuldade seletiva para operar a rota fonológica durante a leitura, apresentando, não obstante, um funcionamento aceitável da rota lexical; com freqüência os problemas residem no conversor fonema-grafema e/ou no momento de juntar os sons parciais em uma palavra completa. Sendo assim, as dificuldades fundamentais residem na leitura de palavras não-familiares, sílabas sem sentido ou pseudo palavras, mostrando melhor desempenho na leitura de palavras já familiarizadas. Subjacente a essa via, encontra-se dificuldades em tarefas de memória e consciência fonológica. Considerando o grande esforço que fazem para reconhecer as palavras, portanto, para manter uma informação na memória de trabalho, são obrigados a repetir os sons para não perdê-los definitivamente. Como conseqüência, toda essa concentração despendida no reconhecimento das palavras acarreta em dificuldades na compreensão do que foi lido.
Dislexia lexical (de superfície): as dificuldades residem na operação da rota lexical (preservada ou relativamente preservada a rota fonológica), afetando fortemente a leitura de palavras irregulares. Nesses casos, os disléxico lêem lentamente, vacilando e errando com freqüência, pois ficam escravos da rota fonológica, que é morosa em seu funcionamento. Diante disso, os erros habituais são silabações, repetições e retificações, e , quando pressionados a ler rapidamente, cometem substituições e lexicalizações; às vezes situam incorretamente o acento prosódico das palavras.
Dislexia Mista: nesse caso, os disléxicos apresentam problemas para operar tanto com a rota fonológica quanto com a lexical. São assim situações mais graves e exigem um esforço ainda maior para atenuar o comprometimento das vias de acesso ao léxico.
Com base nas explicações destes autores, compreende-se o grande nível que o IBGE mostrou, pois não existe um só tipo de dislexia e sim vários. Todas estas variações refletem nas dificuldades da criança se desenvolver em sala de aula e ao mesmo tempo ser auxiliada pelos pais. Mas como identificar uma criança com dislexia em casa ou na escola? A falta de conhecimento sobre o assunto implica em um atraso ainda maior no desempenho escolar deste educando. 
5.1 Como Identificar e Alfabetizar Uma Criança Com Dislexia em Sala de Aula?
Quase todas as crianças que escrevem bem, que tem a letra bonita, são bem acolhidas pelos professores. São de famílias estruturadas, onde priorizam a educação dos filhos e apóiam-os nos estudos desde a primeira fase na educação infantil, até ao longo de sua vida.
A participação da família é importante para o desenvolvimento da criança em qualquer situação, e se tratando de alfabetização, compreendemos que os pais precisam ir muito além de um simples acompanhamento para que a criança sinta-se protegida, segura e valorizada no âmbito familiar. Ferrari (2000) afirma:
“[...] é a família que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais” (apud GONÇALVES, 2001, p.10.).
Sendo a família o correspondente de informações à criança “normal” e o passaporte de aquisições dos valores culturais para serem lançados na sociedade, entende-se que quando uma criança é portadora de deficiência, ela precisa de muito mais atenção.
Se tratando de uma gravidez complicada e a rebeldia toma conta da criança. E desta forma, os professores também a deixam de lado, pois não procuram suprir a falta do “tudo” que sentem.
Para conhecer uma criança quando chega com índice de dislexia na escola, é preciso a atuação de um psicopedagogo na instituição, pois a criança não quer ser taxada como um disléxico e sim receber elogios igual aos demais.
Além disso, o educador deve primeiro desenvolver as quatro habilidades fundamentais da linguagem verbal que seriam a leitura, a escrita, a fala e a escuta. Destas, a leitura é a habilidade linguística mais difícil e complexa, e a mais diretamente relacionada com a dificuldade específica de acesso ao código escrito denominada “dislexia” (PINTO, 2003).
Para se diagnosticar uma criança disléxica é preciso que o educador tenha analisado a criança por muito tempo, se ela apresentar dificuldades na leitura, é um bom momento para entrar em ação. 
Piaget e Vygotsky (1982) relatam que nos estágios pré-operacional e operatório-concreto, “pode-se ser levantada a suspeita de dislexia no caso de insensibilização do educando às rimas” e “que tem dificuldade de fazer a correspondência entre letras e fonemas”. Por isso a compreensão deve ser maior com relação aos demais da classe, ele precisa se sentir seguro no ambiente, pois demonstra uma das seguintes características ao longo do tempo:
Atraso na aquisição da linguagem. Começou a dizer as primeiras palavras mais tarde do que o habitual e a construir frases mais tardiamente. Apresentou problemas de linguagem durante o seu desenvolvimento, dificuldades em pronunciar determinados sons, linguagem abebezada‟ para além do tempo normal. Apresentou dificuldades em memorizar e acompanhar canções infantis e a rima das lenga-lengas. Dificuldade na consciência e manipulação fonológica.  Dificuldade em se aperceber que os sons das palavras podem dividir-se em bocados pequenos e em manipular esses mesmos sons (Piaget; Vygotsky, 1982).
Essas características vão mudando à medida que a criança aprimora o processo de ensino aprendizagem, parte do cérebro passa a dominar e as consequências de leitura passam a exigir menos esforço.
Neste caso, o processo de alfabetização pode ser influenciado por muitos processos de intervenção que facilitarão para a criança e também ao professor. Esta tarefa, quando bem desempenhada pelo alfabetizador, gera resultados gratificantes, pois cabe a ele a obrigação de abrir as portas do conhecimento às crianças.
5.2 Quais Os Processos De Intervenção Para Alfabetizar Uma Criança Disléxica?
Analisar, estudar, comparar, identificar, estes são os verbos que usam quando se descreve uma criança portadora de dislexia, síndromes, ou qualquer um dos Transtornos de Déficit de Atenção - TDA. Todas estas formas de uso das expressões verbais são importantes, mas num processo de intervenção em dislexia deve ser feito com o acompanhamento de um conjunto de especialistas, sendo: psicólogo, fonoaudiólogo e pedagogo para apoio escolar, com o desígnio de ajudar a criança com dislexia a ultrapassar, dentro do possível e das suas capacidades, a sua dificuldade na leitura e escrita.
Essas crianças têm a necessidade de uma intervenção psicopedagógica, mas nem todas as instituições trabalham para esta proporção. No que se refere aos apoios institucionais e profissionais das áreas mencionadas acima, se baseiam em testes de rendimento que estabelecem o nível das habilidades da criança em uma determinada área de aprendizagem, comparando com os seus colegas, e também fornecem informações importantes sobre a natureza das dificuldades da criança na área testada (SELIKOWITZ, 2001).
Conforme afirmam Fernandes e Penna (2008), a criança, por não compreender o que lê e apresentar escrita incompreensível, perde o interesse pelas práticas educativas. Assim sendo:
[...] é necessário que o educador reconheça na criança características dos chamados distúrbios de aprendizagem, assumindo desafios de criar metodologias eficientes, no sentido de acolher cada uma delas, respeitando e entendendo sua individualidade; sendo necessário que se investigue, compreenda e se discuta como esta criança pode aprender adequadamente (Figueiredo, 2009).
Quando a criança for compreendida pela família antes de iniciar o processo escolar, ela poderá sanar ou minimizar esta dificuldade, pois a família buscará apoio com equipes especializadas no assunto. Porém, se acontecer dentro da escola a identificação desta, a intervenção pode acontecer, segundo Gütschow (2004 apud Fernandes; Penna, 2008), através do método multissensorial, que une as modalidades visual, sinestésica e tátil, relacionando-as entre si e estabelecendo a conexão entre aspectos visuais, referentes à forma ortográfica da palavra; auditivos, quanto à forma fonológica; e sinestésicos – os movimentos necessários à execução da escrita.
Fernandes e Penna (2008) dizem que, de acordo com a fonológica, precisa ser instruída de forma sistemática, seguindo a seguinte sequência:
- vogais: a, e, i, o, u; - consoantes prolongáveis: f, j, m, n, v, z; - consoantes que possuem mais de um som: l, s, r, x; - consoantes mais difíceis de pronunciar: b, c, p, d, t, g, q; - consoantes pouco utilizadas: k, w, y; - dígrafos: ch, nh, lh, rr, ss, gu, qu; - letras de sons irregulares: e, g, r, s, l, m, x, ç; - encontros consonantais. 
Quando apresentada para a criança, estas letras fonológicas devem estar todas maiúsculas para que facilitem a compreensão e decodificação das mesmas. E para que um bom trabalho psicopedagógico seja feito, a parceria da família na escola é muito importante. É um caminho lento, mas quando feito com carinho e dedicação para o bem de uma criança, isso recompensa todos os esforços realizados até então.

Metodologia

Quando o professor ministrar uma aula ele deverá chamar a atenção do aluno para a leitura. Realizar dinâmicas interativas com a classe, solicitar a participação dos alunos para uma leitura em conjunto, ou até mesmo, uma leitura individual. Mas que ele semeie esta semente durante sua aula. Somos de uma nação que mantêm os livros para enfeites de estantes, pois a leitura não é praticada com eficaz.
O conteúdo descrito neste artigo visa a analisar o desenvolvimento da língua maternal no ensino de língua portuguesa, e mais precisamente, entender a importância da leitura e escrita no processo da alfabetização.
O objetivo principal do trabalho foi desenvolver uma pesquisa bibliográfica a respeito do assunto, respondendo qual é a importância da Leitura e da Escrita no processo da alfabetização no ensino brasileiro.
 A pesquisa de cunho bibliográfico teve embasamentos teóricos nos autores: Edgar Morin (2002), Dicionário Aurélio (2003), Vygotsky (1984) e (1988) o Fregonezi (1999), Luzia de Maria (2002), Magda Soares (2004), (2003) e (1999), PCNs (1997) Coimbra e Chaves 2012, Faraco e Moura, (1999), Possenti e Ilari (1992). Esta relação da leitura com a escrita gerou as citações, e delas as discussões explicativas com sobre a temática.
Portanto, a justificativa desta pesquisa está voltada para os educadores de língua materna e seu desenvolvimento com a leitura e a escrita nas crianças, que posteriormente usará deste ensino para qualificar-se em uma determinada função. Embora seja de fundamental importância as crianças chegarem à escola com uma base adquirida em casa, o professor de Língua(gem) será o mediador para este transporte coletivo.

Considerações Finais

Concluo este trabalho enfatizando a importância do professor conhecer seus alunos para que consigam ministrar um bom trabalho em sala de aula. Neste caso, reforço também que a leitura e escrita em sala de aula são uma prática que todos os educadores devem desenvolver durante a atuação profissional, não importando a disciplina que lecionam, e sim, o cumprimento de um dever como educador.
Os processos de intervenção ligados a criança, quando esta possui dislexia, devem ser estudados e trabalhados na prática e na teoria. Os professores precisam de apoio para que os direitos da criança se cumpram.
Todas as crianças têm direito a educação. É para isso que busquei referências em todos os autores mencionados no corpo deste trabalho, pois cada um tem uma área onde estuda e busca entender os processos da linguagem, língua, fala, escrita, leitura, alfabetização, letramento e dislexia.

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