PSICOPEDAGOGIA NEUROPSICOLÓGICA - ESPAÇO PARA DISCUSSÃO DE TEMAS RELATIVOS A PSICOLOGIA E PSICOPEDAGOGIA. EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PSICÓLOGOS.REABILITAÇÃO COGNITIVA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA. TEMAS RELACIONADOS AO ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA, PSICOLOGIA CLÍNICA, NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA E REABILITAÇÃO COGNITIVA - DISTÚRBIOS DA APRENDIZAGEM, SÍNDROMES DA APRENDIZAGEM - EDUCAÇÃO SEXUAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA

domingo, 27 de fevereiro de 2011

DISPUTA POR UMA VAGA EM MEDICINA...É LEGAL OU IMORAL?

A Ética no exercício da medicina

Roberto Luiz d’Avila

Especialista em Cardiologia, mestre

em Neurociências e

Comportamento, doutorando em

Bioética pela Universidade do

Porto, Portugal, professor adjunto

do Departamento de Ciências

Morfológicas - Centro de Ciências

Biológicas da Universidade Federal

de Santa Catarina (UFSC) e

presidente do Conselho Federal de

Medicina (2009-2014), Brasil

Não existe, na medicina, nada mais clássico e moderno, ao mesmo tempo, do que a ética médica e os temas discutidos pela bioética. Esses tópicos acompanham todos os passos da história da disciplina, merecendo destaque, uma vez que exercem papel preponderante como guia de conduta dos médicos. Além disso, com a incorporação na prática médica de novas tecnologias, mais importante torna-se a reflexão sobre a ética em medicina e a discussão do desenvolvimento moral de acadêmicos e profissionais desta área, haja vista que a responsabilidade profissional cresce proporcionalmente ao desconhecimento leigo sobre as implicações do uso dessas novas tecnologias. Hoje, a ética médica vem sendo estudada formalmente, seja por meio da transmissão vertical de conteúdos relativos aos princípios deontológicos e da bioética seja pela análise de problemas éticos e morais encontrados na clínica. Essas tentativas para incorporar parâmetros éticos e morais no processo ensino aprendizagem decorrem do entendimento de que não basta um código de ética médica para orientar o comportamento dos profissionais; falar em ética médica é falar em moral e em tomadas de decisões que transcendem os aspectos puramente cognitivos atualmente tão valorizados no meio médico .

Diante da crise de credibilidade que afeta a prática profissional tornou-se primordial dar atenção especial aos estudantes de medicina que, durante sua formação acadêmica, devem adquirir não apenas uma gama de conhecimentos técnicos, mas, igualmente, conhecimentos e valores éticos que nortearão toda a sua vida profissional, segundo os conceitos da moralidade médica contemporânea.Frente aos desafios do contexto que se apresenta, parece pertinente trazer à baila as recomendações de Goldie acerca dos objetivos principais do ensino de ética médica

  • ensinar a reconhecer os aspectos éticos e humanísticos da profissão médica;
  • permitir a afirmação dos preceitos morais individuais e profissionais;
  • propiciar conhecimento geral acerca de Filosofia, Direito e Sociologia;
  • permitir a aplicação deste conhecimento no pensamento clínico; e
  • auxiliar no desenvolvimento das habilidades necessárias para a aplicação destes conhecimentos no tratamento das necessidades clínicas humanas.

Isso significa, portanto, fazer com que o alunado desenvolva habilidades morais, aprendendo a resolver os dilemas éticos que surgirão na prática profissional cotidiana, embasando-se para tanto em princípios e valores. Nesta direção, não é demais repertir, faz-se mister promover o desenvolvimento moral dos estudantes ao longo de todo o curso, inclusive construindo ou aprimorando mecanismos eficazes para a avaliação dessas competências. Apesar desse contexto adverso (ou mesmo em decorrência dele) o momento é favorável, pois estimula a que todos, médicos, estudantes e educadores, engajem-se no compromisso de resgatar a melhor formação moral no exercício profissional, com ênfase no ensino das humanidades. É necessário não esquecer que toda a história do desenvolvimento moral do humanidade, chamada de aurora da consciência (que, paradoxalmente, os teólogos clássicos designam como a queda do homem), tem sido a marcha constante e ascendente na escala da responsabilidade, desde uma ação pré-escolhida até aquela eminentemente deliberada, que se desloca da moralidade habitual (emocional) para a moralidade refletida (racional)

Ao mover-se para além da existência animal, o homem só contou com duas vantagens biológicas para emancipá-lo dos hábitos e limites irracionais de sua natureza: a primeira e mais importante foi o crescimento do lobo frontal (inteligência), que o ajudou a escolher não apenas os fins, mas os meios a segunda foi sua postura ereta, liberando suas mãos e lhe conferindo o nome genérico grego anthropos, que significa aquele que anda com a face para o céu Parece evidente, pois, que aqueles que assumem a responsabilidade de cuidar de alguém, que têm conhecimento dos fatos e que exercitam a liberdade de escolha e o respeito pela autonomia dos outros, são seres verdadeiramente morais.

Sem liberdade de escolha ou direito de saber a verdade as pessoas seriam apenas marionetes, manipuladas por cordões atados aos movimentos de outrem. Neste ponto, cabe retomar a pergunta inicial deste artigo: é possível educar moralmente? De acordo com o que foi visto, reitera-se que a resposta é sim. Porém, é preciso compreender o sentido de educar. No presente caso, assume-se seu poder limitado de moldar ou dar forma a conteúdo existente. Mas, vale a pena insistir, evitando que ações impensadas no condimento da juventude ou na selva do mercado rotulem recém profissionais, desvirtuando-os de suas metas mais nobres de ajudar ao próximo, garantindo-lhe melhor vida e morte mais digna.

Finalmente, o erro médico, o abuso de um ou outro profissional que, demonstrando habilidade cognitiva, justificou diante de exigências escolares formais ser merecedor de

diploma médico, não deve ser considerado improvável . É possível que alguns obtenham o título de médico sem jamais chegar a cumprir o juramento hipocrático.

O tratamento do paciente não pode prescindir de afeto por parte do médico, que no uso de seus conhecimentos técnicos não deve ignorar o outro ser humano, demonstrando empatia e compreensão. Não se deve esperar que um psicopata chegue a desenvolver tais capacidades, que sinta algo além do prazer de desfrute pessoal usando os outros, a profissão e o reconhecimento dela derivado. Para este, a educação ou formação moral tem sentido apenas como recurso retórico para impressionar e agregar poder ao seu arsenal destruidor.

Contudo, felizmente, a maioria dos que procuram a medicina a exercem com desígnio humanitário, principalmente nos dias atuais, quando alguns cursos superiores e formações técnicas, demandando menor esforço, proporcionam maiores ganhos econômicos.

PREZADO LEITOR, GOSTARIA DE CONHECER SUA OPINIÃO APÓS LER ESTAS AFIRMAÇÕES EMBASADAS POR UM PROFISSIONAL COMPETENTE. MINHAS HUMILDES DÚVIDAS COMO 'PACIENTE"

É...DEVO ACREDITAR NAS PALAVRAS DESSE PROFISSIONAL?

ESSE PROFISSIONAL REALMENTE ESTÁ HABILITADO CIENTIFICAMENTE PARA DETERMINAR MEU FUTURO COMO PESSOA?

COMO POSSO ME CERTIFICAR DESSE DIAGNÓSTICO, APÓS VÁRIAS CONSULTAS COM TAL PROFISSIONAL?

É NORMAL, ÉTICO, MORAL E LEGAL SOLICITAR UMA SEGUNDA, TERCEIRA OU QUARTA OPINIÃO?

QUAIS OS MEUS DIREITOS ENQUANTO MERO "PACIENTE" LEIGO E FRAGILIZADO PELA "DOENÇA" PREVIAMENTE" DIAGNOSTICADA, OU NÃO!?

O CRM TERIA ALGO A DIZER? ESTOU ANSIOSA PRA CONHECER ESSE POSICIONAMENTO.

EXISTIRIA UM PERFIL PSICOPROFISSIOGRAFICO PARA O EXERCICIO DA MEDICINA?

PORQUE A PROCURA PELOS VESTIBULARES É TAMANHA EM TODOS OS ESTADOS BRASILEIROS SE, CONHECIDAMENTE SABEMOS QUE OS MÉDICOS TRABALHAM SOB FORTE PRESSÃO EMOCIONAL, INSALUBRIDADE, EXCESSO DE PACIENTES, FALTA DE INSUMOS BÁSICOS EM HOSPITAIS GERAIS CONHECIDAMENTE IMPRÓPIOS PARA O EXERCÍCIO PROFISSIONAL?

PORQUE JOVENS DE TODO O PAÍS INSISTEM EM UMA PROFISSÃO TÃO SOFRÍVEL, TÃO INSALUBRE, TÃO NEGLIGENCIADA PELO PODER PUBLICO?

SERIA PELA POSSIBILIDADE DE FICAR MILIONÁRIO EXERCENDO CERTAS ESPECIALIDADES PRECONIZADAS PELA MÍDIA?

ANALISE ESSE ITENS ABAIXO E POR FAVOR ENVIE SUA CONSIDERAÇÃO. DESDE JÁ AGRADEÇO SUA COLABORAÇÃO.

Pré-requisito para ser um bom médico

· Estar estimulado e capacitado para a prática da educação permanente, especialmente para a auto-aprendizagem;

· Exercer a medicina utilizando procedimentos diagnósticos e terapêuticos validados cientificamente;

· Dominar as técnicas de leitura crítica indispensáveis frente à sobrecarga de informações e da transitoriedade de conhecimentos;

· Dominar os conhecimentos científicos básicos de natureza biopsico-social subjacentes à prática médica;

· Ter domínio dos conhecimentos de fisiopatologia, procedimentos diagnósticos e terapêuticos necessários à prevenção, tratamento e reabilitação das doenças de maior prevalência epidemiológica e aspectos da saúde ao longo do ciclo biológico: saúde individual da criança, do adolescente, do adulto e do idoso com as peculiaridades de cada sexo; saúde da família e da comunidade; doenças crônico degenerativas; neoplasias malignas; causas externas de morbi mortalidade; doenças mentais e psicossociais; doenças infecciosas e parasitárias; doenças nutricionais; doenças ocupacionais; ambientais e iatrogênicas;

· Ter capacitação para utilizar recursos semiológicos e terapêuticos contemporâneos, hierarquizados para atenção integral à saúde, no primeiro, segundo e terceiro níveis de atenção;

· Utilizar procedimentos semiológicos e terapêuticos conhecendo critérios de indicação e contra-indicação, limitações, riscos, confiabilidade e sua validação científica;

· Atuar dentro do sistema hierarquizado de saúde obedecendo aos princípios técnicos e éticos da referência e contra-referência;

· Saber atuar em equipe multiprofissional, assumindo quando necessário o papel de responsável técnico, relacionando-se com os demais membros em bases éticas;

· Exercer a medicina com postura ética e humanística em relação ao paciente, família e à comunidade, observando os aspectos sociais, culturais, psicológicos e econômicos relevantes do contexto, baseados nos princípios da bioética;

· Ter uma visão social do papel do médico e disposição para engajar-se em atividades de política e de planejamento em saúde;

· Informar e educar seus pacientes, familiares e comunidade em relação à promoção da saúde, prevenção, tratamento e reabilitação das doenças, usando técnicas adequadas de comunicação;

· Conhecer as principais características do mercado de trabalho onde deverá se inserir, procurando atuar dentro dos padrões locais, buscando o seu aperfeiçoamento considerando a política de saúde vigente;

· Utilizar ou administrar recursos financeiros e materiais, observando a efetividade, visando a eqüidade e a melhoria do sistema de saúde, pautada em conhecimentos validados cientificamente.

Viver, Crescer, Aprender, Adolescer,Juvenescer e Envelhecer...

Haveria outro final?

Desafio a quem estiver antenado (a) para alimentar tamanha dúvida!

1. É NORMAL DESEJAR A PRÓPRIA MORTE DEVIDO A MÁ QUALIDADE DE VIDA?
2. É NATURAL DESEJAR AOS PARCEIROS QUE TE ACOMPANHEM NESSA EMPREITADA? OU SEJA, PEDIR OU ESPERAR QUE SEUS AMORES TBM COMETAM SUICÍDIO?
3. A CIENCIA TEM O PODER DE LIMITAR OU PROLONGAR A VIDA DE UM PACIENTE MESMO SEM A VONTADE DESTE?
4 . QUEM GANHA COM O PROLONGAMENTO DA VIDA DE UM PACIENTE DEPRIMIDO E SUICIDA?
5. ATÉ ONDE A MEDICINA PODE SE BENEFICIAR DESSA TRAGÉDIA?
6. QUEM PAGA LITERALMENTE (FINANCEIRAMENTE) POR SITUAÇÕES PARECIDAS?
7 NO EXERCÍCIO DA MEDICINA O QUE DEVE PREVALECER? A MORTE NATURAL COM HONRA OU A VIDA VEGETATIVA COM ALTÍSSIMOS CUSTOS HOSPITALARES?
8.COMO MERO ESPECTADOR, QUAL A SUA OPINIÃO? CRIME OU ATO HUMANITÁRIO?

Qual a sua opinião?

MEMÓRIA: COMO ESTA CURIOSA FUNÇÃO CEREBRAL FUNCIONA?

Simone Miguez Cunha (1) (2) e Adriana Benevides Soares (2)

(1) Instituto Militar de Engenharia - Seção Psicopedagógica

Praça General Tibúrcio, 80 - 22290-270 Rio de Janeiro, R. J

(2) Universidade Gama Filho – Programa de Pós-Graduação em Psicologia

Rua Manuel Vitorino, 533 – 20740-280 Rio de Janeiro – R. J.

A memória é uma função cerebral extremamente importante porque forma a base para a aprendizagem. Todo o nosso conhecimento e habilidades são armazenados na memória permitindo a nossa orientação no tempo e no espaço. A representação do conhecimento se dá dentro deste contexto da memória e seus processos nos permitem armazenar e extrair o conhecimento para usar em todas as nossas atividades diárias e futuras.

Segundo Sternberg (2000), “a memória é o meio pelo qual nós recorremos as nossas experiências passadas a fim de usar essas informações no presente”.

As recentes pesquisas neuropsicológicas a respeito do funcionamento da memória sugerem maior compreensão sobre a sua estrutura, organização e seus processos no tratamento da informação.

Até bem pouco tempo, os psicólogos cognitivos acreditavam que a memória era um processo pouco dinâmico apenas sendo capaz por meio de suas estruturas receber passivamente as informações para armazená-las e posteriormente recuperá-las. Ou seja, o tratamento da informação na memória se daria em estágios seqüenciais, onde primeiramente a informação é codificada, conservada por um momento e posteriormente extraída, sendo a informação manipulada, cada operação por vez. Em meados de 1960, as pesquisas nesta área, indicavam que a memória seria caracterizada pelas informações contidas nas suas estruturas de armazenamento.

Entretanto, as pesquisas prosseguiram e geraram novos dados que levaram os psicólogos cognitivos a revisarem o conceito de memória e como ela funciona. Desta forma, foram surgindo novos modelos de representação referente ao conceito deste fenômeno psicológico devido a interpretações variadas por parte dos psicólogos em relação aos resultados obtidos nos estudos científicos ou para apenas acomodar novos dados.

Neste sentido, nas últimas duas décadas os pesquisadores à partir do desenvolvimento das pesquisas sustentam a concepção de que a memória é um processo que envolve várias operações simultaneamente e em paralelo. Seu funcionamento permite que suas operações (codificação, armazenamento e recuperação) interajam reciprocamente e de forma interdependentes no tratamento da informação.

MODELOS TEÓRICOS DA MEMÓRIA

A vasta pesquisa neuropsicológica que tem como objetivo conceituar a memória tem sido marcada por dois momentos fundamentais, o tradicional e o alternativo, que diferenciam pontos de vista acerca da estrutura e os processos da memória.

Verifica-se uma diversidade na investigação da memória, indicando uma corrente preocupada em estudar a estrutura geral da memória como um todo e outra focando entender a organização estrutural da memória semântica (palavras ou conceitos).

O esquema abaixo (Fig 1) mostra como as pesquisas se desenvolveram de acordo com os seus objetivos específicos.

MEMÓRIA


Modelo Tradicional

Modelo Alternativo

Modelo de duas Estruturas -1963

Modelo dos Três Armazenamentos -1968

Estrutura Geral da Memória

Estrutura da Memória Semântica

Estrutura dos Níveis de Tratamento

1972

Estrutura Hierárquica da Memória Semântica

1969 -1974

Modelo Sistemas Múltiplos de Memória

1972

Modelo em Rede

1975

Taxonomia Alternativa para a Memória

1986

Modelo Conexionista

Memória de Trabalho

1990

Figura 1: Evolução das pesquisas sobre memória

O primeiro momento das pesquisas sobre memória é assinalado por um modelo de memória denominado por Sternberg (2000) de modelo tradicional que a conceituava em termos de três armazenadores, o armazenamento sensorial, o armazenamento de curto prazo e o armazenamento de longo prazo.

Armazenamento Sensorial: Estrutura capaz de estocar quantidade bem limitada de informações por períodos de tempo muito breves. Esta estrutura era repositória inicial das muitas informações que, posteriormente ingressavam nos armazenamentos de curto e de longo prazo.

Armazenamento de Curto Prazo: Capaz de armazenar informações por períodos de tempo um pouco mais longos, mas também de capacidade relativamente limitada. Sua capacidade é de 7 itens, mais ou menos dois. Como a capacidade e o tempo são mais curtos nós desenvolvemos mecanismos de controle que interferem nesta capacidade, ou seja, controlamos o fluxo da informação repetindo-a, agrupando-a ou fazendo associações.

Armazenamento de Longo Prazo: Capaz de estocar informações durante períodos de tempo muito longos. Esta memória contém todas as informações de que necessitamos para nos arranjarmos em nossas atividades cotidianas: nome de pessoas, conceitos, planejamento diário, etc.

Este modelo enfatiza estas estruturas como receptáculos passivos nos quais as informações são armazenadas, e indica que os processos de memória exercem apenas um certo controle na transferência da informação de um armazenamento para outro.

A perspectiva alternativa tem como aspecto chave o conceito de memória de trabalho, uma memória transitória breve, que mantém a informação ativada durante alguns minutos, enquanto ela está sendo processada. Esta idéia enfatiza as funções da memória no controle de seus processos, tais como a codificação e a integração da informação na memória de longo prazo. Este caráter dinâmico e contínuo de manipulação e coordenação na integração da informação marca a diferença com o modelo tradicional. O núcleo central das pesquisas na perspectiva alternativa tem sido compreender como as palavras ou conceitos são armazenados em nossa memória de longo prazo, tendo em vista que a unidade fundamental do conhecimento é o conceito, uma idéia sobre alguma coisa.

Esta preocupação dos pesquisadores em entender a organização estrutural da memória semântica difere das teorias precedentes que ofereciam explicações somente sobre a estrutura geral da memória. A memória semântica trabalha com conceitos, idéias às quais uma pessoa pode associar a várias características e com as quais ela pode conectar várias outras idéias. Desta forma vários modelos foram elaborados a partir deste objetivo, porém, nenhum tinha conseguido especificar completamente como todos os conceitos poderiam ser armazenadas em nossa memória semântica. A partir de revisões e críticas dos teóricos sobre estes modelos, eles sugerem um modelo alternativo denominado modelo conexionista (processamento distribuído em paralelo - PDP) que defende a concepção de que manipulamos muitas operações mentais ao mesmo tempo para organizarmos os conceitos, para armazená-los e posteriormente recuperá-los na nossa memória. Este armazenamento da informação baseia-se em uma idéia de rede, que é uma série de relações rotuladas entre nós, os quais são funções para várias relações, representando palavras ou conceitos. A forma desta rede vai diferir de uma teoria para outra. De acordo com este modelo a representação do conhecimento realiza-se nas conexões entre vários nós, não em cada nó individual. Quando tentamos evocar algum conhecimento ativamos um nó que pode estimular o outro nó conectado e esse processo de ativação disseminada leva à ativação de nós adicionais. Esta ativação de um nó que leva a outro nó a ele conectado é denominado de efeito de priming.

Ainda, nesta visão o modelo PDP é consoante com o conceito de memória de trabalho que é a estrutura a qual comporta a porção ativada mais recentemente da memória de longo prazo e transfere esses elementos ativados para dentro e para fora de um breve e temporário armazenamento de memória. Ou seja, a memória de trabalho é uma área de trabalho que nos permite trabalhar com as informações desejadas e que é útil para o raciocínio imediato, resolução de problemas ou para elaboração de comportamentos, mas que são esquecidas em breve.

Sternberg (2000), coloca que estes modelos são hipotéticos e não estruturas fisiológicas reais, servindo somente como modelo mental para compreender o funcionamento da memória.

Muitos psicólogos cognitivos preferem adotar este modelo para descrever os fenômenos de memória, pois reflete como funciona o cérebro humano, realizando múltiplos processos em andamento ao mesmo tempo.

DIFERENÇA ENTRE OS MODELOS

Modelo dos três armazenamentos:

► Tratamento em série seqüencial da informação

► Só pode ser simulado por computadores individuais

Modelo de Processamento em Paralelo com a Memória de Trabalho

► Envolve processamento simultâneo de múltiplas operações em redes neurais

► Não pode ser simulado num computador individual, mas somente por uma rede

SISTEMAS DE MEMÓRIA

Será que dirigir um automóvel e saber o nome de um renomado escritor brasileiro são aprendizagens processadas da mesma maneira? E como lembramos delas?

Segundo Larry Squire (em Sternberg, 2000) há uma distinção entre memória declarativa (explícita) e de várias formas de memória não-declarativa (implícita).

Outros autores também já tinham proposto uma diferenciação de sistemas de memória separados para organizar e armazenar a informação. Eles propuseram uma distinção entre a memória semântica (palavras que envolvem conceitos atemporais) e a memória episódica (datas, eventos relacionados ao tempo) e a memória processual (memória de hábitos e habilidades).

As diferentes informações que aprendemos são armazenadas e recuperadas de maneiras diferentes. A memória semântica e a episódica pertencem a memória explícita (declarativa) e necessita da palavra para trabalhar com a informação, além da inferência da consciência. Em outras palavras, ela reúne tudo que podemos evocar por meio das palavras, fazendo uma reflexão consciente sobre este tratamento. A memória implícita (não-declarativa) se difere da explícita porque não precisa ser verbalizada e não há participação da consciência no processo. Ela envolve a memória para procedimentos, habilidades, hábitos, comportamentos condicionados e priming.

Desta forma percebe-se uma clara diferença entre memorizar números, datas e conceitos de dirigir um carro, montar um quebra-cabeça, jogar vôlei, etc.

Memória

Declarativa

Não-Declarativa

Semântica

(fatos)

Episódica

(eventos)

Habilidades Processuais

(motoras, perceptivas, cognitivas)

Priming

(perceptivo e semântico)

Condicionamento

Não-Associativa

(habituação e

sensibilização)

Figura 2: Sistemas de Memória

DESENVOLVIMENTO DA MEMÓRIA

A capacidade de memória é influenciada pelo desenvolvimento fisiológico do cérebro, pela aquisição de conhecimento do conteúdo, das experiências, o contexto ambiental e pelo uso de estratégias metacognitivas.

A maturação fisiológica do cérebro permite um aumento da complexidade de nossas redes neuronais ocasionando um melhor desempenho no armazenamento e recuperação da informação.

Bartlett (in Sternberg, 2000) descobriu que o conhecimento e as expectativas prévias influenciam substancialmente a recuperação da informação. Portanto, tendo um enorme efeito sobre a memória, às vezes, levando à interferências ou à distorção e, outras vezes, a intensificação dos processos de memória. O efeito dos nossos esquemas mentais afeta a maneira na qual lembramos o que aprendemos, tornando a memória construtiva.

Quando integramos uma informação nova às informações já armazenadas na memória, estamos associando o que é novo aos nossos esquemas mentais já existentes, e este processo é chamado de consolidação. Podemos aumentar nossa capacidade de armazenamento durante o processo de consolidação utilizando várias estratégias de metamemória.

Guardamos de maneiras diferentes os nossos vários tipos de conhecimentos, logo, durante o processo de aquisição destas aprendizagens necessitamos utilizar meios específicos para cada um quando estamos transferindo-os para a memória de longo prazo.

A repetição da informação é uma estratégia muito utilizada o que facilita este armazenamento. Quanto maior o tempo destinado na aprendizagem para repetir a matéria mais as pessoas mostram maior possibilidade para lembrá-las durante longos períodos de tempo. Porém Sternberg (2000) salienta que esta transferência da informação deve ser realizada estimulando uma organização na memória em um meio que os torne significativamente integrado com os seus conhecimentos prévios. Dessa forma acredita-se que o conhecimento permanecerá mais tempo na memória e a capacidade de recuperá-lo será melhor.

A disposição da organização da informação na memória também facilita as suas operações melhorando o nosso desempenho quando queremos recuperá-las.

As estratégias citadas até o momento são amplamente conhecidas por todos nós, mas é possível utilizar outras como; sistemas de palavras associadas, sistemas de palavras-chaves, imagens interativas, etc, que ajudam no desenvolvimento da memória.

Pode-se concluir que a pessoa ao escolher a estratégia para codificar sua informação tem que se preocupar também com as estratégias que oferecem mais facilidade para ela recuperar mais tarde esta mesma informação.

Todos estes recursos mencionados contribuem para o desenvolvimento da memória levando a desempenhos mais eficientes. Sobremaneira, estas descobertas facilitam as pessoas à aprender como utilizar a memória.

FISIOLOGIA DA MEMÓRIA

As pesquisas neuropsicológicas vêm esclarecendo sobre a fisiologia do cérebro quanto ao funcionamento da memória. Seus resultados apontam que a memória não está localizada em uma estrutura isolada no cérebro. As suas funções podem ser compartilhadas por múltiplas estruturas ou regiões, portanto, a perda de uma função cerebral pode ser compensada por outra região do cérebro.

Córtex Cerebral: É responsável pelo armazenamento de longo prazo da informação.

Hipocampo: Codificação das informações declarativas. Porém outras estruturas cerebrais também são responsáveis por outras formas de memória declarativa.

Gânglios da Base: Principais estruturas que controlam o conhecimento de procedimento.

Cerebelo: Responsável pela memória de respostas condicionadas classicamente.

Gânglios da base


Córtex Cerebral Cerebelo

Hipocampo

Figura 3: Regiões do cérebro associadas com a memória

Os neurotransmissores (Serotonina, Acetilcolina, Noradrenalina e os hormônios) podem de acordo com suas produções no organismo interromper ou aumentar o desempenho da memória.

A perda da memória pode estar associada ao consumo de álcool que perturba a atividade da serotonina como os estados psicológicos alterados do estresse, da ansiedade e da depressão e também o uso de medicação por tempo prolongado e a falta de vitamina B1.

Todos estes fatores levam a perda da memória e interferem na nossa capacidade de aprender.

MEMÓRIA E APRENDIZAGEM

Memória e Aprendizagem estão estreitamente relacionadas e servem como suporte para o nosso conhecimento. Como adquirir novos conhecimentos e posteriormente transformá-los sem podermos retê-los? Ao armazenar a informação construímos mentalmente uma representação do conhecimento que sem sua existência não poderíamos manejar as nossas aprendizagens e resolver nossos problemas diários e futuros.

Segundo Pozo (1998), as pesquisas desenvolvidas na teoria do tratamento da informação a respeito da memória não são suficientes para nos oferecer uma teoria de aprendizagem, devido ao fato destes estudos estarem analisando os temas aprendizagem e memória conjuntamente sem uma medição independentemente de um e outro processo. Contudo muitos conceitos delineados pelas evidências encontradas nos estudos científicos demonstram uma relação bem forte entre elas.

Os estudos demonstraram uma forte evidência de que, a maneira escolhida para codificar a informação vai interferir na maneira como se vai recuperá-la. Portanto, ao estudar, se utilizarmos várias formas para relacionar o conhecimento com outras áreas de conhecimento, o nosso desempenho ao recuperar a informação será mais eficiente. Se houver uma preocupação em diversificar o contexto da codificação pode-se melhorar significativamente a recuperação daquela aprendizagem. Através da pedagogia de projetos é possível utilizar esta estratégia para facilitar o desenvolvimento deste princípio.

Para que a informação permaneça mais tempo na memória é necessário que a aprendizagem seja distribuída em várias sessões ao longo de um tempo. Este conceito poderia ser integrado as grades curriculares de forma a subsidiar a organização dos tempos de aula e de curso.

Algumas pesquisas concluíram que recordamos mais quando relacionamos a informação aos nossos esquemas mentais e as nossas experiências pessoais. Ou seja, quando produzimos nossos próprios indícios demonstramos níveis muito altos de evocação em relação a outra pessoa produzindo indícios para nós. Assim, pode-se pensar na importância de se rever o papel do professor para que ele não se torne um elemento central e único no processo de ensino e aprendizagem e para que a aprendizagem, não seja confundida como memorização temporária de conteúdos desarticulados com o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais. Uma prática nas escolas orientada para que o aluno possa pensar e refletir sobre o seu próprio processo de construção de conhecimento facilita-o a elaborar a nova informação num meio significativo para ele, integrando-a ao seu conhecimento prévio. Desta forma o desempenho da memória torna-se mais eficiente possibilitando mais autonomia ao aluno.

Por fim, estas descobertas podem vir a contribuir no processo de ensino e aprendizagem facilitando ao aluno construir o seu conhecimento e melhorando o seu desempenho. Parece indiscutível a contribuição destas conquistas para a Educação e Psicologia, tendo em vista a amplitude do seu alcance.

COMO TRANSFORMAR TODAS ESSAS INFORMAÇÕES A FAVOR DA TERCEIRA IDADE?

POR VMC SEM NENHUMA FUNDAMENTAÇÃO CIENTÍFICA HOMOLOGADA ATÉ AGORA!

Claro que de acordo com as determinações dos pesquisadores geriátricos, euzinha ainda não me enquadro na tal famigerada terceira idade porém, tenho pela consciência que está a caminho...juntamente com toda minha geração. (calma amigas!!) prometo que não entregarei a idade de nenhuma de vocês!.

O objetivo aqui é outro, muito além da idade cronológica, muito além da beleza preconizada pela mídia, muito...muito mais além da beleza estética...afinal, a coisa é tão profunda que preciso urgentemente da sua ajuda....

o que considera beleza?

Qualidade de vida?

Felicidade???

Preciso dessas respostas para transmitir aos meus alunos...universitários que estarão transmitindo tais conceitos aos seus aluninhos (de 3 a 15 aninhos). A questão é séria. Concorda?

BIBLIOGRAFIA

POZO, J. I. (1998) - Teorias Cognitivas da Aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1998.

STERNBERG, R. J. (2000) - Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

MEMÓRIA: COMO ESTA CURIOSA FUNÇÃO CEREBRAL FUNCIONA?

Simone Miguez Cunha (1) (2) e Adriana Benevides Soares (2)

(2) Instituto Militar de Engenharia - Seção Psicopedagógica

Praça General Tibúrcio, 80 - 22290-270 Rio de Janeiro, R. J

(2) Universidade Gama Filho – Programa de Pós-Graduação em Psicologia

Rua Manuel Vitorino, 533 – 20740-280 Rio de Janeiro – R. J.

A memória é uma função cerebral extremamente importante porque forma a base para a aprendizagem. Todo o nosso conhecimento e habilidades são armazenados na memória permitindo a nossa orientação no tempo e no espaço. A representação do conhecimento se dá dentro deste contexto da memória e seus processos nos permitem armazenar e extrair o conhecimento para usar em todas as nossas atividades diárias e futuras.

Segundo Sternberg (2000), “a memória é o meio pelo qual nós recorremos as nossas experiências passadas a fim de usar essas informações no presente”.

As recentes pesquisas neuropsicológicas a respeito do funcionamento da memória sugerem maior compreensão sobre a sua estrutura, organização e seus processos no tratamento da informação.

Até bem pouco tempo, os psicólogos cognitivos acreditavam que a memória era um processo pouco dinâmico apenas sendo capaz por meio de suas estruturas receber passivamente as informações para armazená-las e posteriormente recuperá-las. Ou seja, o tratamento da informação na memória se daria em estágios seqüenciais, onde primeiramente a informação é codificada, conservada por um momento e posteriormente extraída, sendo a informação manipulada, cada operação por vez. Em meados de 1960, as pesquisas nesta área, indicavam que a memória seria caracterizada pelas informações contidas nas suas estruturas de armazenamento.

Entretanto, as pesquisas prosseguiram e geraram novos dados que levaram os psicólogos cognitivos a revisarem o conceito de memória e como ela funciona. Desta forma, foram surgindo novos modelos de representação referente ao conceito deste fenômeno psicológico devido a interpretações variadas por parte dos psicólogos em relação aos resultados obtidos nos estudos científicos ou para apenas acomodar novos dados.

Neste sentido, nas últimas duas décadas os pesquisadores à partir do desenvolvimento das pesquisas sustentam a concepção de que a memória é um processo que envolve várias operações simultaneamente e em paralelo. Seu funcionamento permite que suas operações (codificação, armazenamento e recuperação) interajam reciprocamente e de forma interdependentes no tratamento da informação.

MODELOS TEÓRICOS DA MEMÓRIA

A vasta pesquisa neuropsicológica que tem como objetivo conceituar a memória tem sido marcada por dois momentos fundamentais, o tradicional e o alternativo, que diferenciam pontos de vista acerca da estrutura e os processos da memória.

Verifica-se uma diversidade na investigação da memória, indicando uma corrente preocupada em estudar a estrutura geral da memória como um todo e outra focando entender a organização estrutural da memória semântica (palavras ou conceitos).

O esquema abaixo (Fig 1) mostra como as pesquisas se desenvolveram de acordo com os seus objetivos específicos.

MEMÓRIA


Modelo Tradicional

Modelo Alternativo

Modelo de duas Estruturas -1963

Modelo dos Três Armazenamentos -1968

Estrutura Geral da Memória

Estrutura da Memória Semântica

Estrutura dos Níveis de Tratamento

1972

Estrutura Hierárquica da Memória Semântica

1969 -1974

Modelo Sistemas Múltiplos de Memória

1972

Modelo em Rede

1975

Taxonomia Alternativa para a Memória

1986

Modelo Conexionista

Memória de Trabalho

1990

Figura 1: Evolução das pesquisas sobre memória

O primeiro momento das pesquisas sobre memória é assinalado por um modelo de memória denominado por Sternberg (2000) de modelo tradicional que a conceituava em termos de três armazenadores, o armazenamento sensorial, o armazenamento de curto prazo e o armazenamento de longo prazo.

Armazenamento Sensorial: Estrutura capaz de estocar quantidade bem limitada de informações por períodos de tempo muito breves. Esta estrutura era repositória inicial das muitas informações que, posteriormente ingressavam nos armazenamentos de curto e de longo prazo.

Armazenamento de Curto Prazo: Capaz de armazenar informações por períodos de tempo um pouco mais longos, mas também de capacidade relativamente limitada. Sua capacidade é de 7 itens, mais ou menos dois. Como a capacidade e o tempo são mais curtos nós desenvolvemos mecanismos de controle que interferem nesta capacidade, ou seja, controlamos o fluxo da informação repetindo-a, agrupando-a ou fazendo associações.

Armazenamento de Longo Prazo: Capaz de estocar informações durante períodos de tempo muito longos. Esta memória contém todas as informações de que necessitamos para nos arranjarmos em nossas atividades cotidianas: nome de pessoas, conceitos, planejamento diário, etc.

Este modelo enfatiza estas estruturas como receptáculos passivos nos quais as informações são armazenadas, e indica que os processos de memória exercem apenas um certo controle na transferência da informação de um armazenamento para outro.

A perspectiva alternativa tem como aspecto chave o conceito de memória de trabalho, uma memória transitória breve, que mantém a informação ativada durante alguns minutos, enquanto ela está sendo processada. Esta idéia enfatiza as funções da memória no controle de seus processos, tais como a codificação e a integração da informação na memória de longo prazo. Este caráter dinâmico e contínuo de manipulação e coordenação na integração da informação marca a diferença com o modelo tradicional. O núcleo central das pesquisas na perspectiva alternativa tem sido compreender como as palavras ou conceitos são armazenados em nossa memória de longo prazo, tendo em vista que a unidade fundamental do conhecimento é o conceito, uma idéia sobre alguma coisa.

Esta preocupação dos pesquisadores em entender a organização estrutural da memória semântica difere das teorias precedentes que ofereciam explicações somente sobre a estrutura geral da memória. A memória semântica trabalha com conceitos, idéias às quais uma pessoa pode associar a várias características e com as quais ela pode conectar várias outras idéias. Desta forma vários modelos foram elaborados a partir deste objetivo, porém, nenhum tinha conseguido especificar completamente como todos os conceitos poderiam ser armazenadas em nossa memória semântica. A partir de revisões e críticas dos teóricos sobre estes modelos, eles sugerem um modelo alternativo denominado modelo conexionista (processamento distribuído em paralelo - PDP) que defende a concepção de que manipulamos muitas operações mentais ao mesmo tempo para organizarmos os conceitos, para armazená-los e posteriormente recuperá-los na nossa memória. Este armazenamento da informação baseia-se em uma idéia de rede, que é uma série de relações rotuladas entre nós, os quais são funções para várias relações, representando palavras ou conceitos. A forma desta rede vai diferir de uma teoria para outra. De acordo com este modelo a representação do conhecimento realiza-se nas conexões entre vários nós, não em cada nó individual. Quando tentamos evocar algum conhecimento ativamos um nó que pode estimular o outro nó conectado e esse processo de ativação disseminada leva à ativação de nós adicionais. Esta ativação de um nó que leva a outro nó a ele conectado é denominado de efeito de priming.

Ainda, nesta visão o modelo PDP é consoante com o conceito de memória de trabalho que é a estrutura a qual comporta a porção ativada mais recentemente da memória de longo prazo e transfere esses elementos ativados para dentro e para fora de um breve e temporário armazenamento de memória. Ou seja, a memória de trabalho é uma área de trabalho que nos permite trabalhar com as informações desejadas e que é útil para o raciocínio imediato, resolução de problemas ou para elaboração de comportamentos, mas que são esquecidas em breve.

Sternberg (2000), coloca que estes modelos são hipotéticos e não estruturas fisiológicas reais, servindo somente como modelo mental para compreender o funcionamento da memória.

Muitos psicólogos cognitivos preferem adotar este modelo para descrever os fenômenos de memória, pois reflete como funciona o cérebro humano, realizando múltiplos processos em andamento ao mesmo tempo.

DIFERENÇA ENTRE OS MODELOS

Modelo dos três armazenamentos:

► Tratamento em série seqüencial da informação

► Só pode ser simulado por computadores individuais

Modelo de Processamento em Paralelo com a Memória de Trabalho

► Envolve processamento simultâneo de múltiplas operações em redes neurais

► Não pode ser simulado num computador individual, mas somente por uma rede

SISTEMAS DE MEMÓRIA

Será que dirigir um automóvel e saber o nome de um renomado escritor brasileiro são aprendizagens processadas da mesma maneira? E como lembramos delas?

Segundo Larry Squire (em Sternberg, 2000) há uma distinção entre memória declarativa (explícita) e de várias formas de memória não-declarativa (implícita).

Outros autores também já tinham proposto uma diferenciação de sistemas de memória separados para organizar e armazenar a informação. Eles propuseram uma distinção entre a memória semântica (palavras que envolvem conceitos atemporais) e a memória episódica (datas, eventos relacionados ao tempo) e a memória processual (memória de hábitos e habilidades).

As diferentes informações que aprendemos são armazenadas e recuperadas de maneiras diferentes. A memória semântica e a episódica pertencem a memória explícita (declarativa) e necessita da palavra para trabalhar com a informação, além da inferência da consciência. Em outras palavras, ela reúne tudo que podemos evocar por meio das palavras, fazendo uma reflexão consciente sobre este tratamento. A memória implícita (não-declarativa) se difere da explícita porque não precisa ser verbalizada e não há participação da consciência no processo. Ela envolve a memória para procedimentos, habilidades, hábitos, comportamentos condicionados e priming.

Desta forma percebe-se uma clara diferença entre memorizar números, datas e conceitos de dirigir um carro, montar um quebra-cabeça, jogar vôlei, etc.

Memória

Declarativa

Não-Declarativa

Semântica

(fatos)

Episódica

(eventos)

Habilidades Processuais

(motoras, perceptivas, cognitivas)

Priming

(perceptivo e semântico)

Condicionamento

Não-Associativa

(habituação e

sensibilização)

Figura 2: Sistemas de Memória

DESENVOLVIMENTO DA MEMÓRIA

A capacidade de memória é influenciada pelo desenvolvimento fisiológico do cérebro, pela aquisição de conhecimento do conteúdo, das experiências, o contexto ambiental e pelo uso de estratégias metacognitivas.

A maturação fisiológica do cérebro permite um aumento da complexidade de nossas redes neuronais ocasionando um melhor desempenho no armazenamento e recuperação da informação.

Bartlett (in Sternberg, 2000) descobriu que o conhecimento e as expectativas prévias influenciam substancialmente a recuperação da informação. Portanto, tendo um enorme efeito sobre a memória, às vezes, levando à interferências ou à distorção e, outras vezes, a intensificação dos processos de memória. O efeito dos nossos esquemas mentais afeta a maneira na qual lembramos o que aprendemos, tornando a memória construtiva.

Quando integramos uma informação nova às informações já armazenadas na memória, estamos associando o que é novo aos nossos esquemas mentais já existentes, e este processo é chamado de consolidação. Podemos aumentar nossa capacidade de armazenamento durante o processo de consolidação utilizando várias estratégias de metamemória.

Guardamos de maneiras diferentes os nossos vários tipos de conhecimentos, logo, durante o processo de aquisição destas aprendizagens necessitamos utilizar meios específicos para cada um quando estamos transferindo-os para a memória de longo prazo.

A repetição da informação é uma estratégia muito utilizada o que facilita este armazenamento. Quanto maior o tempo destinado na aprendizagem para repetir a matéria mais as pessoas mostram maior possibilidade para lembrá-las durante longos períodos de tempo. Porém Sternberg (2000) salienta que esta transferência da informação deve ser realizada estimulando uma organização na memória em um meio que os torne significativamente integrado com os seus conhecimentos prévios. Dessa forma acredita-se que o conhecimento permanecerá mais tempo na memória e a capacidade de recuperá-lo será melhor.

A disposição da organização da informação na memória também facilita as suas operações melhorando o nosso desempenho quando queremos recuperá-las.

As estratégias citadas até o momento são amplamente conhecidas por todos nós, mas é possível utilizar outras como; sistemas de palavras associadas, sistemas de palavras-chaves, imagens interativas, etc, que ajudam no desenvolvimento da memória.

Pode-se concluir que a pessoa ao escolher a estratégia para codificar sua informação tem que se preocupar também com as estratégias que oferecem mais facilidade para ela recuperar mais tarde esta mesma informação.

Todos estes recursos mencionados contribuem para o desenvolvimento da memória levando a desempenhos mais eficientes. Sobremaneira, estas descobertas facilitam as pessoas à aprender como utilizar a memória.

FISIOLOGIA DA MEMÓRIA

As pesquisas neuropsicológicas vêm esclarecendo sobre a fisiologia do cérebro quanto ao funcionamento da memória. Seus resultados apontam que a memória não está localizada em uma estrutura isolada no cérebro. As suas funções podem ser compartilhadas por múltiplas estruturas ou regiões, portanto, a perda de uma função cerebral pode ser compensada por outra região do cérebro.

Córtex Cerebral: É responsável pelo armazenamento de longo prazo da informação.

Hipocampo: Codificação das informações declarativas. Porém outras estruturas cerebrais também são responsáveis por outras formas de memória declarativa.

Gânglios da Base: Principais estruturas que controlam o conhecimento de procedimento.

Cerebelo: Responsável pela memória de respostas condicionadas classicamente.

Gânglios da base


Córtex Cerebral Cerebelo

Hipocampo

Figura 3: Regiões do cérebro associadas com a memória

Os neurotransmissores (Serotonina, Acetilcolina, Noradrenalina e os hormônios) podem de acordo com suas produções no organismo interromper ou aumentar o desempenho da memória.

A perda da memória pode estar associada ao consumo de álcool que perturba a atividade da serotonina como os estados psicológicos alterados do estresse, da ansiedade e da depressão e também o uso de medicação por tempo prolongado e a falta de vitamina B1.

Todos estes fatores levam a perda da memória e interferem na nossa capacidade de aprender.

MEMÓRIA E APRENDIZAGEM

Memória e Aprendizagem estão estreitamente relacionadas e servem como suporte para o nosso conhecimento. Como adquirir novos conhecimentos e posteriormente transformá-los sem podermos retê-los? Ao armazenar a informação construímos mentalmente uma representação do conhecimento que sem sua existência não poderíamos manejar as nossas aprendizagens e resolver nossos problemas diários e futuros.

Segundo Pozo (1998), as pesquisas desenvolvidas na teoria do tratamento da informação a respeito da memória não são suficientes para nos oferecer uma teoria de aprendizagem, devido ao fato destes estudos estarem analisando os temas aprendizagem e memória conjuntamente sem uma medição independentemente de um e outro processo. Contudo muitos conceitos delineados pelas evidências encontradas nos estudos científicos demonstram uma relação bem forte entre elas.

Os estudos demonstraram uma forte evidência de que, a maneira escolhida para codificar a informação vai interferir na maneira como se vai recuperá-la. Portanto, ao estudar, se utilizarmos várias formas para relacionar o conhecimento com outras áreas de conhecimento, o nosso desempenho ao recuperar a informação será mais eficiente. Se houver uma preocupação em diversificar o contexto da codificação pode-se melhorar significativamente a recuperação daquela aprendizagem. Através da pedagogia de projetos é possível utilizar esta estratégia para facilitar o desenvolvimento deste princípio.

Para que a informação permaneça mais tempo na memória é necessário que a aprendizagem seja distribuída em várias sessões ao longo de um tempo. Este conceito poderia ser integrado as grades curriculares de forma a subsidiar a organização dos tempos de aula e de curso.

Algumas pesquisas concluíram que recordamos mais quando relacionamos a informação aos nossos esquemas mentais e as nossas experiências pessoais. Ou seja, quando produzimos nossos próprios indícios demonstramos níveis muito altos de evocação em relação a outra pessoa produzindo indícios para nós. Assim, pode-se pensar na importância de se rever o papel do professor para que ele não se torne um elemento central e único no processo de ensino e aprendizagem e para que a aprendizagem, não seja confundida como memorização temporária de conteúdos desarticulados com o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais. Uma prática nas escolas orientada para que o aluno possa pensar e refletir sobre o seu próprio processo de construção de conhecimento facilita-o a elaborar a nova informação num meio significativo para ele, integrando-a ao seu conhecimento prévio. Desta forma o desempenho da memória torna-se mais eficiente possibilitando mais autonomia ao aluno.

Por fim, estas descobertas podem vir a contribuir no processo de ensino e aprendizagem facilitando ao aluno construir o seu conhecimento e melhorando o seu desempenho. Parece indiscutível a contribuição destas conquistas para a Educação e Psicologia, tendo em vista a amplitude do seu alcance.

BIBLIOGRAFIA

POZO, J. I. (1998) - Teorias Cognitivas da Aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1998.

STERNBERG, R. J. (2000) - Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

DIANTE DE TODAS AS EVIDENCIAS....SOFRER DE ALZAIMER É A MENOR DE TODAS AS CONSEQUENCIAS....CONSIDERANDO AS CIRCUNSTACIAS DA TERCEIRA IDADE. O QUE VC ACHA DISSO?

PREFIRO MORRER FELIZ E, SEM LEMBRANÇA OU DEDICAR TODO O RESTANTE DA MINHA VIDA PARA RECUPERAR MINHAS MEMÓRIAS?

DEUS SABE REALMENTE O QUE FAZ!