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domingo, 31 de maio de 2015

Você tem ideia das "brincadeiras" que seus filhos estão realizando na escola, com a ajuda de um  celular?


30/05/2015 13h38 - Atualizado em 30/05/2015 16h02
Em RR, alunos passam mal após 'Charlie Charlie' e são levados à igreja
Caso ocorreu nessa sexta (29) na zona Oeste de Boa Vista.
Samu foi acionado mas disse não ser 'competente' para socorro, diz PM.
Inaê BrandãoDo G1 RR


 Adolescentes passaram mal após fazerem
brincadeira 'Charlie Charlie'
(Foto: Reprodução/Vine/Salvador Raya)
Quatro adolescentes foram levados a uma igreja pela Polícia Militar nessa sexta-feira (29), após passarem mal depois de fazerem a brincadeira 'Charlie Charlie'. De acordo com a polícia, os estudantes brincavam em um terreno baldio em frente da Escola Estadual Doutor Luiz Rittler Brito de Lucena, no bairro Nova Cidade, zona Oeste de Boa Vista, quando começaram a sentir um mal-estar. Ao todo, seis viaturas foram deslocadas para atender a ocorrência.
Um policial, que preferiu não se identificar, contou ao G1 que uma equipe foi informada pela população de que estava ocorrendo uma confusão na escola. Chegando no local, os policiais se depararam com uma aluna que afirmava estar com dores no estômago.
"Quando a primeira viatura chegou tinha somente uma menina sentindo um mal-estar na barriga. O colega pediu para ver o que estava acontecendo e ela caiu. Logo em seguida outros dois caíram e começou aquele desespero", relatou o policial.
A polícia só entendeu o que estava acontecendo quando outro aluno mostrou um vídeo onde os adolescentes apareciam brincando de 'Charlie Charlie'. "Os colegas pediram apoio policial enquanto outras pessoas iam desmaiando e esperneando. Os alunos se batiam e se jogavam nas paredes e nas árvores. Ficavam falando palavras com vozes pesadas e os olhos reviravam. Parecia que tinha alguma coisa dentro deles que girava por conta própria", detalhou.
Sem poder controlar os estudantes, o Polícia Militar informou que a primeira providência foi acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Eles relataram o acontecido, mas foram informados que 'esse tipo de serviço não era de competência deles [Samu]'. Diante disso, um dos policiais apresentou a ideia de levar os adolescentes a uma igreja.
"Muita gente estava em transe naquele momento, cerca de oito pessoas, mas conduzimos somente as que estavam em estado mais grave, que eram quatro estudantes". Segundo o policial, os adolescentes tinham entre 14 e 15 anos de idade.
Depois de passarem por três igrejas que estavam fechadas, os policiais encontraram uma igreja aberta na rua Estrela Dalva, no bairro Raiar do Sol. "Fiz contato com o pastor que orou na cabeça de cada um e logo em seguida chegou mais uma jovem que também estava brincando, tinha melhorado, mas acabou desmaiando no caminho de casa".
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Ainda conforme relatos do policial, um dos policiais militares chegou a passar mal também. "Ele tem um conhecimento religioso e como tinha um rapaz lá que desafiava muito, fazia gestos, falava e gritava, ele resolveu tentor acalmar. Quando conseguiu e saiu de perto do rapaz, também ele sentiu algo tomando conta do corpo dele", contou, afirmando que o policial foi atendido pelo pastor e se sentiu melhor.
Cerca de 3 horas após o início da ocorrência a situação começou a ser controlada. Depois de se sentirem melhor, os adolescentes foram levados individualmente para suas casas. "Conversamos com os responsáveis de todos e explicamos o que havia acontecido", disse.
'Experiência mais difícil que já passei', diz policial
Em 25 anos de serviço na Polícia Militar, o policial afirmou que esta foi a experiência mais complicada e diferentes que já teve que enfrentar durante a vida profissional.
"Essa noite foi bem complicada. Quando a gente passa por uma situação dessa acaba ficando abalado. Nessa noite quando eu ia dormir, fechava os olhos e vinha aquela imagem na cabeça. Trabalho como policial há 25 anos e essa foi a experiência mais difícil que já passei. Estamos preparados para um tipo de situação e quando envolve uma outra coisa, principalmente com a parte espiritual, a gente fica um pouco perdido", disse.
'Histeria em massa', afirma psicóloga
A psicóloga Gabriela Matias explicou que o acontecido pode ser explicado pelo fenômeno da 'histeria em massa'. "É uma reação em massa. Um deles viu o outro passar mal e aquilo reverberou em todos.Todo mundo espera que aconteça e todos os envolvidos sentem alguma coisa", esclareceu.
Segundo Gabriela, a psicologia da religião explica que esses fenômenos podem acontecer de acordo com a crença da pessoa. "Elas estavam querendo, estavam esperando e desejando aquilo. Eles estavam tão esperançosos que tivesse um espírito e que o espírito fosse falar", comentou.
Sobre a orientação que deve ser dada aos jovens, a psicóloga recomendou que o interessante é não brincar com o que a gente não conhece.
"Se você quer saber sobre espíritos, você deve estudar, pegar um livro de Allan Kardec e estudar. A internet nos oferece várias informações. Claro que é importante saber dosar o que é verdade e o que é mentira, mas tem sites sérios", orientou a psicóloga.
Atendimento do Samu
Em nota, o Samu de Boa Vista informou que a denúncia de que a instituição deixou de ir ao local é improcedente. De acordo com a nota, uma unidade de Suporte Básico foi encaminhada à escola e um técnico em enfermagem e um socorrista aferiram, em todos os envolvidos, a pressão arterial e fizeram a saturação de oxigênio.

Após a verificação, os profissionais constataram que o caso se tratava de uma histeria coletiva, na qual a resposta do organismo de alguns adolescentes está mais propícia a causar desmaios. "O Samu enfatiza que, somente após todos terem sido observados, houve a liberação dos adolescentes, ocorrida na própria escola, pois não se tratava de um caso grave", informou a nota.


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A DOR EMOCIONAL DA EXCLUSÃO NO GRUPO


Continuando nosso tema sobre grupos, hoje atendi um pré-adolescente, classe média que estuda num colégio também de classe média porém, tem colegas cuja condição financeira é superior a dele. Como se trata de uma criança que já atendo há 5 anos. Cujo diagnóstico é dislexia de desenvolvimento. Tem demonstrado excelentes resultados na leitura, interpretação e principalmente na escrita.  Considerando o grau de exigência da escola que estudo, e, considerando o apoio familiar completamente voltado para o desenvolvimento e superação dessa dificuldade, poder-se-ia afirmar categoricamente que esse cliente está em processo de pleno desenvolvimento cognitivo, psicomotor, restando apenas uma melhor atuação no setor psicoemocional.
Excepcionalmente nessa semana ele foi “excluído” de um convite do seu grupo de trabalho escolar para festejar o sucesso de uma apresentação na escola. Ele tem consciência de que fez o seu papel no grupo. Tem um convívio bom com todos os componentes. Acredita que a apresentação foi boa....porém, não conseguiu compreender o porque que um dos componentes do grupo que convidou todos para ir a sua casa para brincar e festejar o trabalho, o excluiu!
Considerando que trata-se de um pré-adolescente que ainda apresenta comportamento bastante imaturos emocionalmente , é muito “mimado” pelos pais, é extremamente introspectivo e extremamente sugestionável.  Importante ressaltar que nesse caso não se trata de bullying.(*).  Trata-se de  um pré-adolescente que faz parte de um grupo (amplamente conhecido) que foi excluído de um momento de confraternização fora do ambiente escolar.
Diante dessa situação, considerando o que você  já compreende sobre o trabalho de grupo seja o familiar, o escolar, e futuramente o profissional, qual a sua opinião?

OBS. (*) para lembrar o significado do termo:
Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.
O bullying se divide em duas categorias: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência.
O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência dobullying entre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos nobullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.
As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade.
As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.
O(s) autor(es) das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes à famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda.
No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades brasileiras com maior incidência dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.
Os atos de bullying ferem princípios constitucionais – respeito à dignidade da pessoa humana – e ferem o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. O responsável pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram dentro do estabelecimento de ensino/trabalho.
Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

In: http://www.brasilescola.com/sociologia/bullying.htm

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Contribuições de Pichón-Rivière à psicoterapia de grupo

07/02/2015 10:15



 
São muitas as contribuições de Pichón-Rivière para a psicoterapia de grupo. Suas contribuições tiveram início na década de 30, quando ainda era estudante de medicina, com suas primeiras investigações sobre o grupo familiar de crianças oligofrênicas, descobrindo que o retardo é causado, nesses casos, por carências afetivas sofridas na infância, no seio do grupo familiar. Na década de 40 torna-se chefe no Serviço de admissão do Hospício de Las Mercedes, onde observa de perto o paciente no momento da internação e percebe que a presença ou a ausência da família é um fator sempre significativo, observando também a segregação dos doentes mentais e como o hospital pode ser um agente que os tornava doentes. Por volta de 1947 investiga a relação entre a enfermidade, esquizofrenia (na maioria dos casos) e a situação familiar que o leva a desenvolver a noção de grupo interno (cenário no qual são recriados objetos, relações e vínculos) que se manifesta no vínculo transferencial e surge também a noção de Porta-voz (doente mental como depositário) e originando o Jogo das três letras “D”, onde o doente mental surge como o “Depositário” de todas as patologias e ansiedades do grupo familiar, as quais são os “Depositantes”, e o que depositam, ou o “Depositado”, são justamente essas ansiedades, essa patologia.
Todo processo de cura implica mudança e diante da mudança, surgem os medos básicos: o medo da perda (perder o que já se tem) que leva à ansiedade depressiva, e o medo do ataque (temor frente ao desconhecido) que leva à ansiedade paranoica ou persecutória. A técnica de grupos operativos centra-se na mobilização de estruturas estereotipadas e das dificuldades da aprendizagem e comunicação decorrentes por essas ansiedades e caracteriza-se por estar centrada, de forma explícita, em uma tarefa, sendo que à esta tarefa há outra implícita que aponta para a ruptura, significando um obstáculo frente a toda e qualquer situação de progresso ou mudança. O processo terapêutico consiste na diminuição dos medos básicos em termos de medo de ataque ao Eu e medo da perda do objeto buscando uma adaptação ativa à realidade, e assim o grupo operativo tem uma dimensão tanto de aprendizagem como terapêutica, pois implica a possibilidade do sujeito modificar-se ao mesmo tempo em que modifica o meio, sendo o sujeito um agente de mudança ao adquirir uma consciência de sua própria identidade e da dos demais. Essa técnica hierarquiza como tarefa grupal a construção de um ECRO (esquema conceptual, referencial e operativo) comum, condição necessária para estabelecer uma comunicação a partir da afinidade dos esquemas referenciais de emissor e receptor e a plasticidade dos papéis permite assumir papéis complementares e suplementares, modificando assim seus vínculos internos e externos.
Na perspectiva de grupos operativos dois fatores são fundamentais para o surgimento do grupo: o vínculo e a tarefa.
O vínculo é a representação subjetiva que cada um dos membros tem sobre si e sobre os outros, ela é construída na interação dos mesmos num tempo e espaço comum e é mútuo porque acontece quando internalizamos o outro e somos internalizados por ele.
A tarefa, essa seria a trajetória que o grupo percorre para alcançar seus objetivos. Por ocasião do firmamento do grupo, percebemos que três etapas se desenvolvem em torno deste fator:
A primeira etapa é a da pré-tarefa, na qual predominam os mecanismos de resistências à mudança, aqui o latente é a tentativa de iludir a elaboração do núcleo depressivo. Todos os mecanismos da pré-tarefa são dispositivos de segurança que tratam de por a salvo o sujeito dos sentimentos de ambivalência e culpa da situação depressiva.
A segunda etapa é a tarefa que é o momento em que as ansiedades e a emergência do grupo são trabalhadas para que a tarefa possa ser elaborada. Este processo de elaboração implica que o grupo está a caminho do seu projeto, ou seja, de seu propósito original.
A terceira etapa é o projeto que permite um planejamento para o futuro e é quando o grupo se propõe objetivos que vão além do 'aqui-agora' e também superar a situação de perda em razão da finalização do grupo e consequente separação.
No processo, o paciente que é porta-voz de si mesmo é também aquele que enuncia as fantasias inconscientes do grupo; ele é o emergente que denuncia a ansiedade predominante no grupo a qual está impedindo a tarefa.. Uma vez assinalados os aspectos individuais, a interpretação desvelará os aspectos grupais latentes, adquirindo uma dimensão horizontal e dá-se assim a articulação de dois níveis do grupo: a horizontalidade (que é compartida pelo grupo, pode ser consciente ou inconsciente) e a verticalidade (tem haver com a história, com o pessoal de cada integrante, que permite assumir certos papéis que foram adjudicados pelos demais). A horizontalidade do grupo e a verticalidade do sujeito se conjugam no papel.
O porta-voz, bode expiatório, líder e sabotador são papéis que vão sendo aclarados e a aprendizagem se desenvolve a partir da comunicação e implica em criatividade, em elaboração das ansiedades e em adaptação ativa à realidade.
Pichón estruturou um esquema de avaliação do processo grupal por meio dos vetores, conhecido como Cone Invertido. Esse esquema é composto por seis vetores: afiliação e pertença, cooperação, pertinência, comunicação, aprendizagem e tele. A afiliação e pertença, primeiro vetor, indica o grau de envolvimento do sujeito com a tarefa e com os demais integrantes do grupo, que tende a transpor-se de um nível mais básico (afiliação) para um de maior envolvimento e profundidade (pertença). O segundo vetor – cooperação – é a capacidade que cada integrante possui para colaborar com os outros membros, com o coordenador na execução da tarefa do grupo, em uma relação de complementaridade e de acordo com suas possibilidades no momento. O terceiro vetor – pertinência – consiste na proposta de centrar o grupo na tarefa proposta, rompendo estereótipos, ansiedades, vencendo a resistência à mudança e outros tantos movimentos recorrentes no “aqui e agora” do grupo. A comunicação, quarto vetor, possibilita observar os vínculos estabelecidos entre os integrantes, sendo assim, a base que fundamenta o grupo. Há diversas maneiras de se estabelecer a comunicação entre os membros: de um para todos (líder); de todos para um (bode expiatório); entre dois ou mais entre si excluindo os demais (subgrupos); entre todos mutuamente, sem se escutarem (caos); entre todos, mas se escutando e respeitando as intervenções de cada um (boa comunicação). Considera-se que o quinto vetor – aprendizagem – está sendo alcançado quando se somam as contribuições de cada integrante em direção à tarefa, possibilitando a mudança de atitude. É a adaptação do integrante de maneira ativa à realidade, que modifica o sujeito e o meio, fazendo com que o indivíduo e o grupo possam desenvolver suas capacidades de condutas alternativas diante de possíveis obstáculos, não se deixando cristalizar em comportamentos já conhecidos e estereotipados. A aprendizagem se desenvolve a partir da comunicação, em saltos de qualidade que incluem tese, antítese e síntese. Implica em criatividade, em elaboração das ansiedades e em adaptação ativa à realidade. A tele, sexto vetor, refere-se à disposição positiva ou negativa para trabalhar a tarefa grupal e estar em interação ou não com o grupo. Consiste no sentimento desperto de atração ou rejeição dos participantes entre si de maneira espontânea e de acordo com a dramática ou temas do grupo. É, enfim, o clima do grupo e os vetores guardam entre si uma inter-relação, sendo que a análise da comunicação pode ser indicativa de como estão os demais vetores.
A ideia do Cone Invertido elucida a dinâmica existente entre o explícito e o implícito e os conceitos básicos são:
1- Atitude Frente à Mudança (pode ser positiva ou negativa e aqui surgem os dois medos básicos);
2- Didática (é aprendizagem ativa e é interdisciplinar e quanto maior a heterogeneidade maior é a homogeneidade da tarefa e maior é a produtividade do grupo);
3- Vetores do Cone Invertido constituem uma escala básica de avaliação dos processos de interação grupal (afiliação e pertença, cooperação, pertinência, comunicação, aprendizagem e tele);
4- Verticalidade e Horizontalidade (unidade de operação – existente; é todo o presente no campo – explícito e implícito; interpretação - torna o implícito explícito - e emergente - a nova situação que emerge da anterior). É através do porta-voz que o emergente se manifesta. Nele se conjugam a verticalidade (história pessoal) com a horizontalidade (o que está acontecendo com o grupo);
5- Momentos do grupo: são os momentos de pré-tarefa (resistências a mudança, evita se trabalhar as ansiedades); tarefa (superação dos medos e ansiedades) e projeto (possibilidade de planejar para a ação futura). É a abertura, o desenvolvimento e o fechamento;
6- Universais: fenômenos que ocorrem em todo o grupo, aparecem as fantasias de enfermidade, tratamento e cura; e
7- Processos de maturação e desenvolvimento: teoria da doença única. Policausalidade considerando na equação etiológica o constitucional, o adquirido e o disposicional.
Para Pichón, se o sujeito diante da dor e da culpa regressa a uma posição anterior de seu desenvolvimento abre-se o caminho para a doença. Para ele o vínculo é uma estrutura complexa que inclui um sujeito e um objeto e a interação entre ambos e os processos de comunicação e aprendizagem configuram uma espiral dialética e então acontece a relação entre a estrutura social e a configuração do mundo interno do sujeito. O grupo interno é constituído pelos vínculos internalizados, começando pelo grupo familiar e para Pichón tanto a saúde quanto a doença estão relacionadas com a adaptação ativa ou passiva do sujeito à realidade, sendo o sujeito saudável aquele que apreende a realidade, modificando-a e modificando-se a si mesmo, ou seja, mantém uma relação dialética com o meio; e o sujeito doente aquele que mantém uma relação passiva e estereotipada.
Paulo Rogério da Motta


Leia mais: http://www.euniverso.net.br/news/contribui%C3%A7%C3%B5es-de-pichon-rivi%C3%A8re-%C3%A0-psicoterapia-de-grupo/
O QUE É PSICOTERAPIA DE GRUPO






Introdução
                        O ser humano é um ser social e está inserido em um grupo desde seu nascimento: a família. Com o passar do tempo, vai sendo inserido em outros grupos (a escola, a vizinhança, etc) nos quais vai convivendo e aprendendo, formando seus conceitos, seus valores e construindo sua personalidade. Nessas relações, que a pessoa vai estabelecendo, ao longo de sua vida, ela vai elaborando diferentes formas de colocar-se no mundo, de entrar em contato com ela mesma e com outras pessoas.
                        Contudo, no decorrer dos anos, a criança, tão espontânea e criativa, cede lugar a um adulto rígido, com maneiras de relacionamentos engessados no qual a novidade parece não ter espaço e nem o encantamento da infância. É nesse cenário que chega a maioria dos clientes para atendimento. Muitos, por pré-conceito e/ou por falta de conhecimento sobre a psicoterapia em grupo, optam pela terapia individual, quando a primeira modalidade, pode ser até mais indicada em determinados casos. É um fato, que o ser humano é um ser social, que está inserido em um grupo desde o seu nascimento até os seus últimos suspiros. Sendo assim, se o homem “adoece”, ele adoece em grupo, no contato com outras pessoas e nas relações, e então, por que não utilizar essa modalidade de terapia como “curadora”? Por que não fazer o caminho inverso que o levou a “doença”? Se o homem encontra-se em um estado não-saudável, originado nas relações com outras pessoas, então, será que se ele for capaz de estabelecer novas maneiras, mais saudáveis, de fazer contato, não será esse um caminho do restabelecimento da saúde?
                     O grupo terapêutico reúne pessoas diferentes cada um com o seu jeito próprio com seus potenciais e suas limitações, facilidades e dificuldades. Pouco a pouco, à medida que o grupo vai acontecendo, as formas peculiares dos membros de interagir com o mundo vão sendo reveladas. Vale ressaltar que as devoluções vão ocorrendo de forma progressiva durante o andamento do grupo. Como a maioria dos relacionamentos, o grupo terapêutico inicia com um contato mais superficial que, com o passar do tempo, vai se aprofundando e permitindo trocas mais freqüentes e mais intensas. Este estudo, desde sua introdução, visa refletir sobre a psicoterapia de grupo, focando principalmente, algumas das propriedades desenvolvidas pelas relações estabelecidas entre os seus membros, que promovem o caráter terapêutico a esse tipo de atendimento. O objetivo não é de fornecer respostas prontas e fechadas e sim poder pensar sobre ingredientes que temperam essa modalidade de atendimento e como seus membros podem ser beneficiados. FARAH, Ana Beatriz Azevedo – Psicoterapia de grupo: reflexões sobre as mudanças no contato entre os membros do grupo durante o processo terapêutico.
                  A Gestalt-Terapia constitui-se em uma abordagem relacional, onde o contato é segundo Cardoso (2007a) “matéria-prima da relação humana” (p. 20). Sendo assim, a psicoterapia de grupo, é bem sustentada por seus pressupostos e vem sendo, cada vez mais, utilizada como instrumento por terapeutas que se apóiam teoricamente nessa abordagem. Segundo Borris (2007), ela começou com a proposta de terapia individual e só posteriormente é que estendeu seus conhecimentos para aplicação em grupos e apresenta a importância desse tipo de atendimento. “Sem dúvida, o grupo como comunidades de aprendizagem cooperativa não são uma panacéia para todos os males. Entretanto, são uma forma efetiva de atuação para psicólogos, FARAH, Ana Beatriz Azevedo – Psicoterapia de grupo: reflexões sobre as mudanças no contato entre os membros do grupo durante o processo terapêutico.
Definição geral de grupo:
A definição de grupo, segundo o dicionário e o senso comum é: “1. Conjunto de objetos que se vêem duma vez ou se abrangem no mesmo lance de olhos. 2. Reunião de coisas que formam um todo. 3. Reunião de pessoas. 4. Pequena associação ou reunião de pessoas ligadas para um fim comum” (FERREIRA, 1986a, p.871). Outra definição que também conceitua grupo de maneira bem ampla é: “Um grupo consiste de duas ou mais pessoas que interagem e partilham objetivos comuns, possuem uma relação estável, são mais ou menos independentes e percebem que fazem de fato parte de um grupo” (RODRIGUES et al, 1999a, p.371). Entretanto, essas duas definições são bem simples e estão longe de conceituar completamente o que é um grupo. Existem vários tipos de grupos e cada um com características próprias, tornando-se necessárias definições mais específicas. A seguir, serão citados alguns tipos de grupos existentes, com a finalidade de exemplificar as suas diferentes propriedades, e ater-se a definir mais detalhadamente o grupo terapêutico.
Definição de grupo terapêutico

A definição de grupo que se está enfocando nesse trabalho é a de grupo terapêutico, apresentando suas semelhanças com os demais grupos, mas principalmente focando as suas particularidades e diferentes visões a respeito desse conceito. FARAH, Ana Beatriz Azevedo – Psicoterapia de grupo: reflexões sobre as mudanças no contato entre os membros do grupo durante o processo terapêutico. Revista IGT na Rede, v.6, nº. 11, 2009, Página 307 de 328 Disponível em http://www.igt.psc.br/ojs/ ISSN 1807 - 2526 Ribeiro (1994a), descreve que um grupo terapêutico deve transformar-se em um grupo primário, cuja definição é a seguinte: “ [...] é um grupo de pessoas caracterizado por uma associação ou cooperação face a face. Ele é o resultado de um integração íntima e de certa fusão de individualidades em todo comum, de tal modo que a meta e a finalidade do grupo são a vida em comum, objetivos comuns e um sentido de pertencimento, com um sentimento de simpatia e identidade.”,( p. 33) Rodrigues et al, (1999b) fala de um grupo psicológico que tem uma atmosfera própria. Forma-se principalmente pela proximidade física e também pela identidade de pontos de vista de seus constituintes e, à medida que a interação continua valores, objetivos, papéis, normas etc vão se formando progressivamente.
O grupo como campo: Ribeiro (1994b) apresenta uma outra visão de grupo quando descreve o mesmo como uma totalidade e como um campo de forças. Este conceito é proposto pela Teoria de Campo de Kurt Lewin, a qual diversos autores como Ribeiro (1994c), Tellegen (1984) e Yontef (1998a) utilizam parte de seus conceitos, como base, para descreverem o processo grupal. Yontef (1998b), descreve o campo como holístico, e interativo, sendo determinado pelas forças que nele estão presentes. Um campo é determinado fenomenologicamente e depende do que está sendo analisado. Ele possui o tamanho e a dimensão determinados pelo investigador, podendo ser observado no nível das partículas subatômicas ou ser do tamanho do universo. O campo que será estudado é relativo aos objetivos que se pretende conhecer. O autor menciona que até esse conhecer do investigador é relativo, uma vez que o investigador vai observar através do seu olhar que está pautado nas suas experiências, nas suas expectativas, na sua história, nas suas necessidades, entre outros fatores. “Conhecer também é um relacionamento entre percebedor e percebido” (YONTEF, 1998c, p. 186). Assim, cada investigador vai observar nuances diferentes de um mesmo objeto, focando o que mais lhe chama atenção, de acordo com as suas motivações pessoais. Um ponto de vista de um investigador não invalida o do outro investigador, apenas representa que o mesmo objeto está sendo olhado por espectros diferentes. Esse é um ponto importante no trabalho de grupo, é preciso lembrar que o terapeuta é um observador e por mais neutro que ele tente ser, o campo por ele investigado e suas características, dependem diretamente do seu olhar pessoal. FARAH, Ana Beatriz Azevedo – Psicoterapia de grupo: reflexões sobre as mudanças no contato entre os membros do grupo durante o processo terapêutico.
 “A característica essencial de um grupo não é, como na classe, a semelhança entre seus membros, mas a interdependência dinâmica entre eles. Dizer que a essência de um grupo é a interdependência dinâmica entre seus membros, significa que ele é concebido como um todo dinâmico, e que qualquer mudança ocorrida em uma de suas subpartes modifica o estado de todas as outras subpartes” (p.62). Para Yontef (1998e) o campo e todos os seus membros possuem uma ligação tal que a existência de cada um deles é inerente a existência do outro, um não existe sem o outro. O indivíduo é definido em um determinado instante dentro do campo. “O indivíduo é definido, num dado momento, apenas pelo campo do qual faz parte, e o campo só pode ser definido pela experiência, ou do ponto de vista de alguém.” (p.190) Para o autor, tudo que acontece dentro de um campo está sendo influenciado por ele como um todo. A mudança de um paciente em terapia de grupo não poderia ser diferente e para ele é resultado de uma soma de fatores que estão presentes no campo terapêutico, como a interação entre os membros do grupo, incluindo os terapeutas, a relação dos terapeutas entre si, entre outros. FARAH, Ana Beatriz Azevedo – Psicoterapia de grupo: reflexões sobre as mudanças no contato entre os membros do grupo durante o processo terapêutico.
Grupo pela lente da fenomenologia.
A definição, encontrada no dicionário Aurélio, de fenomenologia é: “Estudo descritivo de um fenômeno ou de um conjunto de fenômenos em que estes se definem quer por oposição às leis abstratas e fixas que os ordenam, quer à realidade de que seriam a manifestação. 2. Sistema de Edmund Husserl, filósofo alemão (1859-1938), e de seus seguidores, caracterizado principalmente pela abordagem dos problemas filosóficos segundo um método que busca a volta “às coisas mesmas”, numa tentativa de reencontrar a verdade nos dados originários da experiência” (FERREIRA, 1986b, p.769). É possível definir fenomenologia também como: “Fenomenologia é uma busca de entendimento, baseada no que é óbvio ou revelado pela situação, e não na interpretação do observador. Os fenomenólogos referem-se a isto como “dado”. A fenomenologia trabalha entrando experiencialmente na situação e permitindo que a awareness sensorial descubra o que é óbvio/dado. Isso exige disciplina, especialmente perceber o que é presente, o que É, sem excluir nenhum dado a priori” (YONTEF, 1998f, p. 218). A partir dessas definições é possível dizer que a proposta da fenomenologia é encontrar a essência do fenômeno, elucidando o que de fato está acontecendo. “A idéia central da fenomenologia husserliana é a de que existe uma intuição de essências, mas que estas são inseparáveis do fenômeno ou dos fatos. A passagem do fato à essência se efetuará graças a um processo de redução (“epoché”) que consiste em libertar o sujeito de suas limitações naturais. Para tanto, é necessário que o sujeito abandone sua atitude ingênua e a substitua por uma atitude crítica visando a própria consciência e os objetos que nela se revelam” (GARCIA-ROZA, 1972b, p. 42). Como foi mencionado anteriormente, Yontef (1998g) afirma que o olhar de um investigador é direcionado pelas suas motivações internas. Ribeiro (1985) concorda com esse ponto de vista quando descreve que um objeto é sempre um objeto para uma consciência, sendo sempre um objeto a partir da referência de um observador. É, justamente por essa interferência externa do ponto de vista do observador, que a fenomenologia propõe que o terapeuta favoreça que o cliente entre em contato com ele mesmo no momento presente (aqui e agora), propiciando que ele torne-se mais aware, mais consciente de FARAH, Ana Beatriz Azevedo .
Psicoterapia de grupo: reflexões sobre as mudanças no contato entre os membros do grupo durante o processo terapêutico. suas sensações e sentimentos e que o próprio cliente possa ser observador de si mesmo. Nesse processo de autoconhecimento, de olhar para si mesmo é que o cliente pode vir a conhecer a sua própria essência, as suas sensações de maneira mais genuína e com clareza das interferências externas. Cada ser humano é único e dessa forma, cada um experimenta o mundo de maneira própria e singular. Dessa maneira, o melhor observador de cada um é si mesmo, pois só o próprio indivíduo é quem vai poder saber ao certo o que experimentou, e assim, pode descrever através da fala ou expressão corporal, o que sentiu. Para Cardoso (2007b) apud Fairfield (2004), no grupo, a observação de todos é válida, não havendo uma melhor do que a outra, havendo tantas perspectivas válidas quanto o número de participantes do mesmo. “Essa concepção de grupo prioriza a dimensão processual, que compreende o grupo como um fenômeno em constante transformação, a partir das relações estabelecidas entre seus membros e entre o próprio grupo e o contexto no qual ele ocorre. [...] Da mesma forma, as vivências e os processos internos de cada participante transformam a realidade do grupo como um todo” (p.22). Grupo como Organismo Uma outra teoria que é usada para a compreensão dos grupos é a Teoria Organísmica de Kurt Goldstein. “A idéia central da obra de Goldstein é que o organismo deve ser tratado como um todo e não como uma soma de partes e que o organismo deve ser visto como algo que age como um todo” (RIBEIRO, 1994d, p.71). Essa colocação diz respeito ao organismo ser um todo integrado e que qualquer mudança em uma das suas partes, gera, necessariamente, alteração nas demais. Essa idéia é bem próxima ao que foi dito em relação a teoria de campo. Em ambas teorias, o grupo é visto como um todo, onde suas partes estão interligadas e relacionadas de tal maneira que uma pequena modificação feita em qualquer parte, gerará interferência nas demais. RODRIGUES (2000), exemplifica esta visão de totalidade através da unidade mente-corpo. Diversas pessoas que apresentam um sintoma em um determinado órgão, apresentam um discurso como se apenas esse órgão estivesse adoecido e ainda como se ele estivesse fora do seu próprio corpo. “– Eu? Eu estou bem! Meus rins é que estão mal” (p.79). FARAH, Ana Beatriz Azevedo – Psicoterapia de grupo: reflexões sobre as mudanças no contato entre os membros do grupo durante o processo terapêutico.


In: Revista IGT na Rede, v.6, nº. 11, 2009,  Página 311 de 328 Disponível em http://www.igt.psc.br/ojs/ ISSN 1807 – 2526
A Bola Dourada





"O que recebi pelo amor de meu pai

eu não lhe paguei

pois, em criança,

ignorava o valor do dom,

e quando meu tornei homem, endureci

como todo homem.

Agora vejo crescer meu filho,

a quem amo tanto

como nenhum coração de pai

se apegou a um filho.

E o que antes recebi

estou pagando agora

a quem não me deu

nem me vai retribuir.

Pois quando ele for homem,

e pensar como os homens,

seguirá, como eu,

os seus próprios caminhos.

Com saudade, mas sem ciúme,

eu o verei pagar ao meu neto

o que me era devido.

Na sucessão dos tempos

meu olhar assiste, comovido e contente

ao jogo da vida:

Cada um, com um sorriso, lança adiante a bola dourada,

e a bola dourada nunca é devolvida!"




Börries von Münchhausen 




(encontra-se traduzido no livro “O Amor do Espírito”- Ed. Atman - Bert Hellinger)