PSICOPEDAGOGIA NEUROPSICOLÓGICA - ESPAÇO PARA DISCUSSÃO DE TEMAS RELATIVOS A PSICOLOGIA E PSICOPEDAGOGIA. EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PSICÓLOGOS.REABILITAÇÃO COGNITIVA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA. TEMAS RELACIONADOS AO ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA, PSICOLOGIA CLÍNICA, NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA E REABILITAÇÃO COGNITIVA - DISTÚRBIOS DA APRENDIZAGEM, SÍNDROMES DA APRENDIZAGEM - EDUCAÇÃO SEXUAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA

quarta-feira, 14 de abril de 2021

O QUE É TCC?

 

TCC - A psicoterapia da efetividade

POR: Ciclo CEAP

As maiores restrições das pessoas sobre o tratamento psicológico são baseadas nos mitos de que o processo é longo, é caro, e principalmente não tem efetividade imediata.

Diante de um sofrimento psíquico, as pessoas desejam um alívio que possa ser sentido em um tempo mais curto, e que a pessoa possa em breve caminhar sozinha com os próprios recursos, e o auto conhecimento adquirido.

Estes mitos sobre a psicoterapia fazem com que os clientes se afastem dos consultórios de psicologia, buscando outras alternativas para suas dificuldades.

Mitos precisam ser transformados, pois a psicologia tem vários caminhos para se chegar ao equilíbrio e saúde emocional.  No entanto, existem algumas abordagens que atendem à expectativa de um resultado mais direcionado e mais rápido, mas ao mesmo tempo consistente.

Uma destas abordagens é a Terapia Cognitivo Comportamental, também conhecida como TCC.

Fundamentos da Terapia Cognitivo Comportamental

A partir da década de 60, as pesquisas do psiquiatra e psicoterapeuta americano Aaron Beck trouxeram uma nova visão dos processos mentais, e a partir destes conceitos foram criadas novas metodologias de intervenção psicoterapêutica.

A TCC parte do pressuposto de que existe um ciclo de processos mentais que se retro alimentam, e são constituídos por:

 CRENÇAS – PENSAMENTOS – EMOÇÕES – COMPORTAMENTOS

CRENÇAS – São todas os fundamentos que constituem os nossos valores, a nossa forma de percebermos a nós mesmos, as pessoas e o mundo. Nosso sistema de crenças seria como um mapa sobre o qual caminhamos pela vida. Seria  a lente através da qual enxergamos tudo a nossa volta.

Estas crenças são formadas à partir das nossas vivências, e através do que absorvemos das pessoas que são importantes para nós, como nossos pais, familiares, amigos, professores, cônjuges, filhos e informações que vem do mundo em geral.

Existem as crenças centrais que são aquelas mais profundas, que são nossos parâmetros inquestionáveis, nossas verdades mais definidoras do que somos.

Existem também as crenças intermediárias que são os moldes pelos quais interpretamos os eventos da nossa vida.

Estas crenças intermediárias dão origem aos nossos pensamentos.

PENSAMENTOS – Nossa forma de pensar tem origem nas nossas crenças, e constantemente produzimos pensamentos automáticos que fazem brotar os sentimentos, emoções e sensações.

Existem os pensamentos funcionais e os pensamentos disfuncionais. Nos pensamentos disfuncionais encontramos a origem dos sentimentos negativos, que causam muito sofrimento. Estes pensamentos são distorções cognitivas que têm origem principalmente em crenças de desamor, desvalia ou de abandono.

EMOÇÕES/SENTIMENTOS – As emoções surgem sem o nosso controle. Não escolhemos o que sentir, e os sentimentos negativos são as principais razões pelas quais as pessoas buscam ajuda.

Os principais sentimentos negativos são medo, raiva, tristeza, culpa ansiedade e nojo.

COMPORTAMENTOS – Nossos comportamentos são frutos dos nossos sentimentos. Embora possamos escolher conscientemente como agir, nossas ações, e principalmente nossas reações estão muito condicionadas às nossas emoções.

Resumindo, crenças geram pensamentos, que geram sentimentos que geram comportamentos.

Quebrando os ciclos disfuncionais. Quando compreendemos este ciclo, percebemos que existe uma retro alimentação,  que tende a se repetir indefinidamente, até que seja interrompido.

Por exemplo, uma pessoa que tem uma crença de desamor acredita que ela não é digna de receber amor, que ninguém gosta dela,  que ela não é bem vinda, que as pessoas fogem para não encontrá-la.

Suponhamos uma situação em que esta pessoa esteja em um local, e que alguém conhecido passa por ela e não a cumprimenta. O pensamento automático que vem é: “esta pessoa não gosta de mim” ou “aposto que esta pessoa não quis me encontrar”.

O sentimento que vem em seguida é a tristeza, e o comportamento mais provável, é a pessoa se tornar arredia ou reativa, o que fará com que os outros se afastem dela, reforçando a crença que deu origem a esta cadeia de processos.

Por esta razão as pessoas tendem a repetir os comportamentos, a fazer as mesmas escolhas erradas, a trilhar os mesmos caminhos de insucesso, sem se dar conta de que só quebrando esta cadeia é que será possível transformar uma situação.

Terapia Cognitivo Comportamental – Uma abordagem focada e efetiva

A TCC atua identificando as emoções negativas e pesquisa quais os pensamentos que deram origem a elas.

A partir daí, identifica quais são as crenças disfuncionais que estão provocando estes pensamentos.

As intervenções são feitas principalmente nos pensamentos e comportamentos, através de uma metodologia que amplia o foco, levando o paciente a compreender o próprio processo cognitivo. Pensamentos e sentimentos são monitorados por protocolos específicos, e comportamentos diferentes são introduzidos terapeuticamente.

Desta forma as crenças disfuncionais podem ser re significadas, e a pessoa descobre como ativar seus mecanismos favoráveis de pensar e comportar, promovendo emoções positivas e transformações profundas nos processos mentais do paciente.

Quando a cadeia disfuncional é quebrada a pessoa muda seu padrão repetitivo desfavorável 

Ao se auto-conhecer, o indivíduo monitora seus ciclos psicológicos, identifica quando está distorcendo um pensamento e aprende como mudar seu estado mental.

O objetivo da Terapia Cognitivo Comportamental é ajudar o paciente a conhecer os próprios processos, e torná-lo independente para caminhar por si só. Por isso é objetiva, focada, profunda e efetiva, razão pela qual está  trazendo cada dia mais clientes aos consultórios dos psicólogos.

Equipe do Ciclo CEAP

www.cicloceap.com.br

sexta-feira, 9 de abril de 2021

CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA

A NEUROPSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

A neuropsicologia do desenvolvimento infantil é uma disciplina que une a psicologia e a neurologia. A verdade é que, nos últimos anos, ela se desenvolveu muito, pois estamos cada vez mais conscientes de tudo que podemos fazer para melhorar a vida das gerações futuras.

Nas últimas décadas, aumentou o interesse pelos problemas de aprendizagem e desenvolvimento infantil. Assim nasceu a neuropsicologia do desenvolvimento infantil. Essa disciplina aborda a relação entre o processo de maturação do sistema nervoso central e o comportamento durante a infância. Essa disciplina da neuropsicologia coloca em um lugar de destaque a avaliação do neurodesenvolvimento na prevenção e detecção precoce de possíveis distúrbios.

Chávez (2003) afirma que, para determinar se uma criança tem problemas no seu neurodesenvolvimento, é importante conhecer a organização e o desenvolvimento normal do sistema nervoso central. Isso ocorre porque o conhecimento sobre o sistema nervoso e seu desenvolvimento é a base para a prevenção e detecção de diferentes distúrbios.

Da mesma forma, Rains (2003) refere-se a alterações no sistema nervoso e maturidade cerebral devido a causas pré, peri e pós-natais. Essas alterações, em quase todos os casos, resultam em distúrbios neuropsicológicos na infância. Além disso, se não forem detectados a tempo, podem aumentar as sequelas: é por isso que os autores enfatizam a importância da neuropsicologia do desenvolvimento infantil.

Outros autores, como Weber e Reynolds (2004), enfatizam a influência de fatores ambientais no desenvolvimento do cérebro. Assim, realizam estudos nos quais analisam a associação entre a plasticidade cerebral e os eventos traumáticos na infância. Os autores explicam que, nos Estados Unidos, das crianças que sofrem abuso anualmente (evento traumático), entre 27% e 100% desenvolvem problemas físicos, comportamentais, sociais, cognitivos ou emocionais.

O estudo da neuropsicologia do desenvolvimento infantil se concentra nos fatores de risco e possíveis distúrbios psicopatológicos e neuropsicológicos que estes podem causar em meninos e meninas.

Origem das lesões cerebrais infantis

Segundo os autores Cuervo e Ávila, a etiologia das lesões cerebrais infantis pode ser classificada de acordo com vários indicadores e com o momento em que ocorrem:

·   Pré-natal (toxoplasmose, desnutrição intrauterina, abuso intrauterino, entre outros).

·   Perinatal (hipóxia, mecônio…).

·   Pós-natal (trauma cranioencefálico, infecções, desnutrição …).

Daí a importância de um histórico médico completo na avaliação. Isso deve incluir todas as informações relacionadas às características e condições do desenvolvimento durante os primeiros anos de vida. Alguns autores classificam as principais causas de lesão cerebral de acordo com o tipo de dano em:

·   Traumáticas

·   Vasculares (hemorragia).

·   Infecciosas (meningite, toxoplasmose).

·   Metabólicas (galactosemia).

·   Neurotóxicas.

Esses autores enfatizam a importância da plasticidade cerebral e da maturidade neuropsicológica na infância para avaliar sequelas e recuperação após uma lesão.

Avaliação neuropsicológica do desenvolvimento infantil

Alguns autores afirmam que a avaliação da neuropsicologia do desenvolvimento infantil não é igual à avaliação do adulto. Isso ocorre porque a neuropsicologia do desenvolvimento tem como principal objetivo estudar o desenvolvimento das funções cognitivas e sua relação com a maturidade cerebral ao longo da vida. Por isso, a neuropsicologia do desenvolvimento infantil concentra-se em:

·   Em primeiro lugar, nas diferenças na maturidade cerebral desde o nascimento até a adolescência entre meninos e meninas.

·   Nas diferenças entre o cérebro adulto e o cérebro em desenvolvimento.

·   No padrão inverso observado no desenvolvimento da substância branca frente à substância cinza.

Maturidade neuropsicológica

A maturidade neuropsicológica é definida como o nível de organização e desenvolvimento maturacional que permite um desenvolvimento das funções cognitivas e comportamentais, de acordo com a idade cronológica da pessoa. São destacadas as mudanças durante o desenvolvimento, especialmente na infância.

Dessa forma, a avaliação e intervenção da neuropsicologia do desenvolvimento infantil devem partir de objetivos específicos, de acordo com a idade da menina ou do menino.

Avaliação do neurodesenvolvimento infantil

Na infância, a etiologia dos distúrbios neuropsicológicos pode estar localizada em dois grupos:

·   Primeiro, indivíduos com comprometimento específico do desenvolvimento maturacional.

·   Segundo, os indivíduos que, após um desenvolvimento inicial normal, sofrem um acidente patológico que deixa sequelas que alteram o desenvolvimento de maneira focal ou difusa.

Áreas que devem ser avaliadas em neuropsicologia infantil

Habilidades motoras

·   Destreza manual.

·   Orientação direita esquerda.

·   Praxias orofaciais.

·   Controle verbal de habilidades motoras.

·   Percepção.

·   Visual.

·   Auditiva.

·   Tátil.

Linguagem

·   Habilidades de linguagem oral responsivas e expressivas.

·   Aspectos psicoeducacionais.

Memória

·   Verbal e não verbal.

·   Curto e longo prazo.

Alguns testes neuropsicológicos do desenvolvimento infantil

·   Questionário de Maturidade Neuropsicológica Infantil (CUMANN).

·   Teste ENI (Avaliação Neuropsicológica Infantil).

Para concluir, fica claro que a intervenção neuropsicológica do desenvolvimento infantil deve ser global. Em sociedades como a atual, são urgentes a detecção, reabilitação e estimulação de funções que favorecem a maturidade neuropsicológica. Portanto, é importante desenvolver disciplinas como a neuropsicologia do desenvolvimento infantil, com o objetivo de proteger a saúde da criança.

 

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