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sábado, 11 de abril de 2020


Autismo e quarentena: mães têm novos desafios com filhos em casa
Quebra da rotina pode estar sendo ainda mais difícil para as famílias com crianças autistas, e psicóloga dá dicas de atividades para estimular o desenvolvimento em casa
Escrito por Bárbara Correa
Redação Minha Vida
Em 8/4/2020


Durante o isolamento social devido à COVID-19, ficar em casa tem afetado diretamente a saúde mental de muitas pessoas. No entanto, a quebra de rotina e as diversas incertezas quanto a esse período podem ser ainda mais difíceis para os pais de crianças com autismo.
"Tem sido muito difícil manter um filho autista na atual condição em que estamos vivendo. A quebra da rotina, a falta de compreensão de algo tão abstrato como o contágio por um vírus, são barreiras que vêm nos abalando muito", comenta Josiane Mariano, mãe do Heitor, de 9 anos.





Foto: Arquivo pessoal
Segundo a psicóloga e analista de comportamento do Grupo Conduzir, Giovana Vasconcellos, as dificuldades nesse período para as famílias de indivíduos com TEA podem estar relacionadas com os possíveis comportamentos resultantes da alteração tão intensa na rotina.
"É importante dizer que nem todos que estão no espectro podem ter dificuldades com essas mudanças, porém esse pode ser um dos sintomas marcantes que se dá tanto pelo baixo repertório social do indivíduo ou até mesmo por comportamentos rígidos de apegos a rotina", explica ela.
Para Fabiana da Silva Santos Rodrigues, mãe dos gêmeos de 12 anos que possuem o espectro autista, Nicolas Eduardo e Vitor Henrique, as crianças que não possuem essa condição podem estar sentindo ainda mais falta da vida social que tinham antes. No entanto, ela aponta algumas dificuldades com seus filhos.

Foto: Arquivo pessoal
Atividades dentro de casa para crianças autistas
A solução encontrada por Fabiana para manter Nicolas e Vitor ativos e aprendendo tem sido encontrar um tempo para estar presente em atividades que eles gostam e sintam-se felizes em realizá-las.
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Josiane também tem tentado colocar em prática atividades prazerosas para seu filho Heitor, como brincadeiras estruturadas ou que coloquem o físico para trabalhar. Ela conta que também lida com muita paciência com comportamentos inadequados de negação ou choro.
A psicóloga Giovana explica que é importante que as crianças com o espectro tenham essas atividades nesse período, pois garante que seus repertórios de ensino e aprendizado continuarão em desenvolvimento.
"A aproximação e participação dos pais é fundamental em todos os momentos da intervenção. Eles fazem parte da equipe, sem o seu engajamento na estimulação em momentos que os terapeutas não estão presentes pode limitar o desenvolvimento da criança", comenta a psicóloga.
Algumas das atividades recomendadas pela psicóloga são brincadeiras livres, em que as famílias possam usar recursos que têm em casa para explorar a criatividade. Confira algumas dicas:
·         fazer pintura
·         ajudar os pais na cozinha
·         ter uma sessão cinema
·         usar caixa de papelão para montar um carro ou casa
·         pular amarelinha
·         pular corda
Como ter uma boa convivência familiar na quarentena?
Giovana explica que essa é uma situação nova e diferente para todos, tanto para as crianças quanto para os adultos. Portanto, é natural que ambos enfrentem momentos de maiores ansiedade e até mesmo estresse.
"A dica é que as famílias aproveitem, dentro do possível, essas oportunidades para conhecer seus filhos de outras maneiras e com outros olhares. Nos momentos livres, é importante não se preocuparem ou culparem se a brincadeira não estiver parecendo tão legal quanto geralmente é, afinal, a rotina de todos não está como geralmente é", afirma.
Os tempos destinados para interação livre devem ser de qualidade - mesmo que sejam curtos. A psicóloga afirma que é importante que os pais busquem brincadeiras que sejam divertidas também para os adultos, para que aquela hora se torne leve e divertida para todos.
"Por fim, amor e carinho são sempre a base de tudo, independente de quarentena ou não - sem moderação", diz Giovana.
Fabiana conta que tem sido difícil conciliar o trabalho, casa e filhos, pois antes os gêmeos iam para a escola e faziam terapia. "Parece que todos, até eu mesma, acreditam que, se estamos em casa, tudo passa a ser nossa responsabilidade. Mas têm momentos que não consigo dar conta de tudo, tornando o dia mais pesado e difícil de levar" conta.
"A dificuldade em manter dois filhos com autismo na quarentena está em proporcionar atividades para mantê-los ativos, participativos, aprendendo. Além disso, temos que vigiá-los o tempo todo. Se tratando de autismo, tudo é uma incógnita e uma crise pode aparece a qualquer momento", completa.

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